sexta-feira, 18 de julho de 2008

Sex and The City # 1


Cheguei em casa exatamente às 2:15. Morta de fome, após uma noite maravilhosa de papo com grandes amigas. Senti nitidamente hoje a diferença no trânsito que a "lei seca" gerou. Invariavelmente, levo algum susto dirigindo de volta para casa nas minhas incursões na noite Porto Alegrense. Além de ter conduzido sem nem um pinguinho de adrenalina (muito menos de álcool), a redução no número de carros circulantes foi nítida. Sim, eu continuo sentindo falta daquela minha passadinha de fim de plantão para tomar uma Patricia long neck com um quiche de frango em um barzinho da Cidade Baixa. Sim, UMA cerveja de 350ml. O consumo moderado de bebidas alcoólicas é possível para uma minoria de reais apreciadores. Tudo bem, confesso que tenho uma certa dificuldade de moderar quando se trata de vinho tinto, que eu adoro. Bem, já falei sobre isso aqui e não vou entrar novamente no mérito da questão. Se o saldo está sendo positivo, é o que importa. Trocando de assunto, a nossa confraria estava excelente, como sempre. Com ou sem álcool, demos boas risadas - e fizemos reflexões sobre a vida, é claro. Somente eu e mais uma amiga do grupo ainda não assistimos ao filme "Sex and The City". A série em si, em verdade, nunca despertou tanto assim a minha atenção - me parecia um tanto estereotipada e até caricata. Mas me falaram tão bem dele que tenho que assistir - nem que seja para comentar, apenas. Sóbria, soltei a frase "Mas B., na verdade, ainda somos todas como Leila Diniz de biquíni na praia!". Meu complemento agora seria que talvez sejam barrigas de cerveja, já que a maternidade é voluntariamente postergada pela maioria de nós (risos). O que quis dizer com isso é que as barreiras culturais permanecem fortes. Não quero aqui defender as mulheres, por que feminismo barato é um saco. Consigo ver (e empatizar com) as dificuldades masculinas também (vide postagem "Macho"). Penso que as relações humanas são complexas em todos os seus diferentes prismas/perspectivas. Na época em que me prestava a assinar revistas ditas "femininas", lembro de ter lido umas quantas matérias sobre como os homens se sentem perdidos "no seu papel" (seja lá que diabos isso signifique). Há algum tempo, percebo que muitas mulheres se sentem assim. Aliás, um dia desses, conversava com uma amiga sobre o assunto, quando ela me contou que a Martha Medeiros escreveu sobre o tema recentemente (aproveitou o gancho do filme supracitado). Eu não li propositadamente o texto da Martha (que adoro), por que não queria influência sobre um eventual comentário a ser escrito por mim. Bah, nem quero cair no lugar comum de dizer que os homens se intimidam com mulheres de "x" perfil. Homens e mulheres são capazes de se intimidar mutuamente. Eu quero apenas fazer algumas colocações a respeito. Perceberam como eu estou enrolando? Medo de me expor? É, pode ser sim, mas vamos lá (afff!). Procurarei ser o menos sexista humanamente possível para uma mulher. Vamos lá, então. "Pessoas" querem "pessoas" independentes - em tese, pelo menos. Não me refiro somente ao aspecto financeiro mas, sobretudo, ao emocional. Tenho uma outra amiga que certa vez ouviu de um (atual ex) namorado: "Tenho a impressão de que se eu terminar contigo, talvez fiques triste por alguns dias, mas retomarás tua vida normal, com certeza. Se fizesses isso comigo, minha vida estaria acabada". Me lembrei do que aconteceu com a atriz Ana Paula Arósio. Há alguns anos, o seu então noivo se matou (na sua frente) após o término do relacionamento. Bem, retomando. Minha sensata amiga endossou a colocação proferida em relação A ELA - obviamente. Conseguiram pensar em alguém que se sentiria pouco amado com a resposta dela? Relacionamentos patológicos privilegiam a dependência - e há quem considere normal essa postura. Outra coisa que me irrita bastante é a frase "Quero alguém que me complete". Eu nasci completinha, com tudo no lugar (inclusive a cabeça), como mais de 95% da humanidade (estatística fictícia). "Complementar" soa bem melhor aos meus ouvidos (também os tenho em perfeitas condições). A sirene da auto-crítica soou agora: "Será que este texto pode parecer intimidatório?". Sempre quando escrevo, procuro fazê-lo com bastante cuidado. Cada um pode interpretar como quiser e, obviamente, corro o risco de ser mal compreendida. Na verdade, faz algum tempo, ouvi de um amigo "Tu já te apaixonaste bastante, né Beth? Quem me conhece superficialmente, pode ter essa impressão ao ler meus textos. Deixem-me explicar, então. Existe uma imensa diferença entre entusiasmar-se e apaixonar-se. Devido ao meu otimismo, tendo a realçar os aspectos positivos em tudo o que vejo (por que "ver" é diferente de "enxergar" - lembram-se?). Não deixa de ser uma coisa boa, se bem dosada. Conquistar pessoas é extremamente fácil. A resposta natural do alvo da investida bem sucedida é o entusiamo. Apaixonar-se é um processo bem mais complexo e não é despertado no outro num estalar de dedos.
Para concluir, quero me desculpar com meus amigos pela ausência de resposta a alguns e-mails recebidos nos últimos dias. Pode me faltar tempo, porém, nunca gentileza/educação. Boa viagem e um grande abraço ao amigo que perambula pelo Canadá neste momento e um beijo para a minha amiga de Passo Fundo que vem a Porto Alegre e não me liga (puxão-de-orelha virtual prá ti)!.

Obs: TPM gera textos contundentes em mulheres sensatas e histeria nas desequilibradas (risos).

2 comentários:

Bruna Seleme disse...

Tia:

Meu comentário poderia ser muito extenso, mas vou me limitar a dois tópicos. Em primeiro lugar, estou particularmente feliz com o desfecho da noite, afinal de contas acredito que houve um transição (ou um retorno às origens) na nossa amizade (entenda como quiser ou pergunte depois - risos).

O segundo ponto se explica por si só, tem a ver tanto com o tema do blog quanto com o que foi conversado e, por coincidência se chama "Not The Doctor" (da Alanis, mas valerá a pena - prometo), só alguns trechos relevantes:

I don't want to be the bandage if the wound is not mine
I don't want to be adored for what I merely represent to you
I don't want to be to be your babysitter
You're a very big boy now
I don't want to be you mother
I didn't carry you in my womb for nine months
I don't want to be your other half I believe that 1 and 1 make 2
I don't want to be the glue that holds your pieces together
I don't want to be your idol
See this pedestal is high and I'm afraid of heights
I don't want to be responsible for your fractured heart
and its wounded beat
I don't want to be your substitute for the smoke you've beeninhaling

Lembrei dela quando tu comentou o "você me completa". Eu também acredito que 1 + 1 é 2.

Beijos da sobrinha
"B."

Beth disse...

Bru!

Também penso que nossa amizade se aprimorou. Foi muito bom conversar algumas coisas contigo - é muito bom quando conseguimos falar abertamente (nem todos estão preparados para isso, infelizmente).

Adorei a letra da música - perfeita! Já escrevi algo sobre isso em uma postagem. A respeito de pagar por "contas" que não são nossas...
Ela poderia ter cantada por um homem, também. Homens e mulheres fazem isso - atribuem uma missão impossível ao parceiro: que ele faça o que quem exige é incapaz de fazer por si próprio.

Parafraseando a Nanica: nossa sinceridade poderá ser nossa glória ou nossa ruína. Escreveria no lugar de sinceridade a palavra "lucidez"(affff!).

E força na peruca, amiga!
Comecemos em nós a mudança que queremos ver no mundo!

Beijos e obrigada mais uma vez por me prestigiar com teus comentários maravilhosos!