quinta-feira, 31 de julho de 2008

Música & Bom Ar



Sobre o que vou escrever? Não sei. Só sei que preciso. Começo então com um assunto mais ameno. Ontem, assisti ao filme "Som do Coração". Tinha sido recomendado por uma colega. Me identifiquei com o personagem piá, que ouve música em tudo ao seu redor constantemente. Não sou esquizofrênica, só para esclarecer. Apenas tenho uma ligação por demais forte com a música. Existem diversos músicos em minha família. Até tentei tocar violão quando tinha uns catorze anos, mas não levei adiante. Culpa do meu ouvido absoluto (Mozart?) - absolutamente surdo! Desse componente, tenho apenas o amor à música. Música tem um componente afetivo muito importante para mim. Gosto de diversas canções por que me trazem lembranças de momentos bons. Não há uma sequer que escute que não faça me lembrar de algo. Me remetem vivas, com cheiros, cores e tudo mais. "Eu dancei com você, divina dama, com o coração queimando em chamas". Essa linda canção do Chico é parte de um "regalo" que ganhei hoje. Acabei de descobrir nesse momento uma interpretada pela Elis (maravilhosa) no mesmo CD. Uma vez ouvi de um certo alguém: "Não gosto de músicas melancólicas". Bem coerente com quem a proferiu, mesmo. Ouço música conforme meu estado de espírito. Alegres nos dias felizes, emotivas nos dias sensíveis (não necessariamente tristes). Lembrei de um episódio quando estava por acabar a residência em Geriatria. Cada consulta era uma emoção, me despedindo dos meus queridos pacientes. Teve uma senhora que me marcou, em especial. Um dia, ela veio acompanhada de sua filha para falar comigo para me dar tchau, pois sabia que seria meu último mês trabalhando ali. Nossa, ela começou a me dizer tantas coisas lindas. Se lembrava da primeira frase que havia dito a ela no nosso primeiro encontro (elogiei seu óculos). Segurei as lágrimas até onde foi humanamente possível. Claro, já estava mais sensível por ser uma época de muitas despedidas. Um professor meu, quando me viu entrando com aquela cara indisfarçável de choro, me disse: "Pára de chorar, guria! Tá assim por quê? Tua vida só vai melhorar a partir de agora!". Realmente, a vida de médico residente é bem puxada. E olha que a minha nem foi das piores, por que sempre tive muito apoio dos meus pais. O que queria comentar com essa história, é que tenho dificuldade em entender por que algumas pessoas sentem tanta vergonha de chorar - ou sentem-se incomodadas com quem o faz . Sim, sou muito feliz. E expresso sorrindo - bastante, segundo quem convive comigo. Obviamente, vivemos em sociedade e nem em todas as situações podemos exprimir tão claramente nossos sentimentos. "Por que vamos chorando, se nossos cicerones são aves cantando?" - achei a trilha sonora desta postagem. Retomando, após uma breve fuga de idéias. Tento entender por que alguém manda outra pessoa parar de chorar (salvo em momentos histéricos - confesso que tenho certa dificuldade em lidar com esse tipo de personalidade). Quando me falam para parar de rir, até entendo - meu botão de volume não funciona direito (risos). Bem, na forma como tudo funciona atualmente, não é tão difícil assim de compreender. É mais ou menos como aquele vizinho que não paga o condomínio e tem um carrão na garagem. Aparências - mantê-las, acima de tudo. Demonstrar fragilidade não significa fraqueza. Fortes são aqueles que tiram o lixo debaixo do tapete e o expõe - para serem removidos (reciclados?). Mis alfombres tienem bueno olor... ?Y suyos? Colocar Bom Ar nos sapatos não vale. O importante é manter os pés limpos... Buenas noches!

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