terça-feira, 22 de abril de 2008

Desligue O Foda-se


A inspiração para esta postagem veio de um blog de um amigo, cujo título do texto era "Ligue o foda-se e seja feliz". Essa frase ficou martelando na minha cabeça...Tudo bem, ligar o foda-se pode ser válido às vezes. Nem sempre devemos deixar de fazer coisas preocupados com o que os outros vão achar. Fora de um contexto pode ser um ótimo argumento. Agora, considerando que nossos atos repercutem ao nosso redor, vale a pena sempre ponderar bastante antes de apertar o botão, pois o estrago pode ser equivalente ao puxar o pino de uma granada. Os butiás continuam caindo dos meus bolsos. Fico os observando, orgulhosa da minha capacidade de me chocar com o que vejo. Aliás, jamais quero perdê-la. Outro dia, conversava com meu pai a respeito das religiões. Ele fez um comentário bem interessante que as religiões evitam muitos crimes no mundo. "Temente a Deus". Essa frase é ótima. Eu não preciso ter medo de nada/ninguém para saber diferenciar o certo e errado, por mais subjetivo que eles possam parecer. A menos que seja um sociopata (psicopata), qualquer ser humano é dotado desse discernimento. É uma questão de se importar. "Torna-te eternamente responsável por quem cativas". Li uma matéria na Galileu (revistas como essas são ótimas) que dizia que o sentimento de empatia está presente até nos animais. "Empatia". Já disse aqui o quanto gosto dessa palavra. Coisas banais do dia-a-dia, como dar passagem a alguém no trânsito, tirar a bandeja de comida quando alguém vai se sentar à mesa imediatamente após levantarmos...Educação? Também. Mas no fim, tudo se resume a empatia. Conversava ontem com um "cyberfriend" sobre relacionamentos e ele me contou que tem uma conhecida que se dizia chocada por sistematicamente TODAS as suas amigas já terem traído seus namorados. Ninguém está livre de se envolver com outra pessoa por estar compromissado. E por que raios é tão difícil simplesmente falar a verdade (com seus devidos cuidados)? Extrapolo esse comentário para outros espectros da vida. Os meus melhores amigos são aqueles que puxam as minhas orelhas de vez em quando. Tudo bem - nem todos têm facilidade (capacidade?) de ouvir críticas. Nem a sensibilidade necessária ao tecê-las (affff). Por vezes, existe uma má vontade de tentar tremenda. Por que? Por que dá trabalho. E é mais simples largar de mão. Ou se abandona por que claramente o esforço seria em vão (atitude inteligente). Baaaaita fuga de idéias. Na verdade, estou um pouco (tanto?) decepcionada. Não com toda a humanidade, felizmente. Só com uma partezinha dela. Sou brasileira...e desisto às vezes. E o meu foda-se tem no break.

sexta-feira, 18 de abril de 2008

A Pseudo Álgebra da "CDF"

Escrever. Como isso me faz bem. Que bom estar de volta aqui.Estava um pouco introspectiva, sem saber direito o que dizer. E, após algumas cabeçadas na vida, aprendi que quando não se sabe ao certo o que falar, é melhor calar (profundo isso). Que coisa egocêntrica que eu vou dizer agora, mas hoje tive a sensação de que a melhor companhia para mim seria...EU MESMA. Sabe, eu adoro estar na presença de amigos, conhecer gente nova (que acrescente algo de bom)...gosto de interagir, enfim.Porém, aprecio muito o silêncio. Não disse "estar sozinha" propositadamente. A "solidão" independe de estarmos em companhia de alguém. Quem já não teve aquela sensação quase cinematográfica de sentir a multidão ao seu redor calar? Baita clichezão isso. Na verdade, estava buscando em minhas memórias a vez mais recente (não digo última, por que com certeza não será) que me senti assim. Bem... nevermind (tô parecendo a Gisele Bündchen). Estou aqui me enrolando para dormir tarde por que amanhã a noite será de muito trabalho. Parece uma fuga de idéias, mas não é! Postei no meu blog aquele vídeo "Sunscreen", o qual constava no meu falecido Orkut. O assisti pela milionésima vez e me chamou a atenção aquela parte "Não se preocupe com o futuro, pois saiba que preocupação é tão eficaz quanto mascar chiclete para resolver uma equação de álgebra".Essa parte eu não consigo pôr em prática. Só se eu virasse hippie e fosse morar na Guarda do Embaú (nada mau)...Não vejo como "preocupação". É um planejamento. Estudando e trabalhando com afinco para não ter que virar noites (trabalhando) daqui a alguns (poucos, espero) anos. Recentemente, pelo menos duas pessoas me chamaram de "CDF". Nunca pensei que fosse ficar faceira (termo geriátrico) ao receber esse adjetivo. "CDF" sim, workaholic,jamais!!! Me empenho agora por que busco, sobretudo, qualidade de vida. Ganhar rios de dinheiro sem ter tempo de aproveitá-lo, não faz sentido algum. Custos X benefícios (mais uma vez). E o que isso tem a ver com o tema inicial da postagem? Nem eu sei mais direito. Queria só papear mesmo. Boa noite a todos, então!

quarta-feira, 16 de abril de 2008

O Elefante Ululante


Hoje fui ao cinema assistir "Antes de Partir". Aquele meu amigo "fêmea" (gênero masculino)havia me indicado há meses...Ele tinha razão quando disse que o filme era maravilhoso. Profundo, sem ser pesado.Somando o fato que recém tinha saído da terapia (eufemismo para "Psiquiatra"), já estava pensativa antes de assistí-lo. Imagina depois, então. As pessoas mais próximas a mim sabem que um dos meus principais interesses profissionais é a área de cuidados paliativos. Aliás, esse termo em português tem uma conotação inadequada. "Paliativo" deriva do latim "Pallium" (manto, cobertor). É uma idéia de acolhimento, não de medidas paliativas conforme o significado em português. O filme foi muito interessante sob a perspectiva de alguém que lida com isso. A sutileza do médico dando a notícia ao personagem do Jack Nicholson foi equivalente a de um elefante perambulando por uma loja de cristais. Bem, gente sem sensibilidade é o que mais tem por aí. Dentro da sala do cinema ouvi o comentário de uma moça (referindo-se a um senhor com dificuldade de locomoção que estava recebendo auxílio para sentar-se): "O que essa gente que nem sabe andar direito faz em um cinema? Só para dar trabalho aos outros!". Como geriatra (e ser humano) tive uma quase incontrolável vontade de me levantar e dizer para a criatura: "Tomara que se um dia tiveres dificuldade, que alguém tenha mais compaixão do que tu para te ajudar!". Segurei a onda e fiquei quieta. Até por que, com uma mentalidade dessas, seria mais produtivo conversar com o extintor de incêndio...Bom, fazendo novamente uma conexão com a terapia, minha terapeuta fez um comentário bem interessante: que posso extrapolar toda a minha paciência (leia-se controle da ansiedade) que tenho com a minha profissão para a minha vida pessoal. Ainda mais lidando com cuidados paliativos (pacientes com doenças crônicas e sem perspectiva de cura). Os parâmetros são totalmente diferentes da formação médica tradicional. Esta tende a encarar a morte como uma derrota e, sob essa ótica, "não há nada mais a ser feito". Não culpo quem pensa assim, afinal é praticamente uma atitude condicionada. Lida-se com a morte diariamente, porém, raríssimas vezes se fala no assunto ao longo da formação acadêmica. Lembrei do episódio em que um colega lá de São Paulo, quando era médico residente, foi proibido de debater sobre morte nas reuniões científicas. Felizmente, é uma mentalidade que gradualmente está se modificando. Sim, é difícil lidar com a morte, pois ela esfrega na nossa cara a nossa própria vulnerabilidade. Taí um dos motivos pelos quais resolvi voltar a fazer terapia. Me sentei na poltrona (não tem divã) novamente por que senti necessidade de evoluir. Com respaldo, se torna bem mais fácil. E está valendo muito à pena. Estou fazendo agora o que uma amiga chamou uma vez de "dever de casa". Por que "fazer" terapia é diferente de simplesmente "freqüentar". Quando saí do cinema, fiquei pensando nos dez ìtens que constariam na minha lista de coisas a fazer antes de morrer. Isso é uma grande bobagem, na verdade. Alguém aí tem hora marcada para morrer (excluindo os suicidas)? Eu não tenho. Mas o interessante é que ela pode representar o que/quem realmente importa. Sabe, uma das primeiras providências seria reencontrar um alguém do meu passado a quem fiquei com a impressão de que ainda há muito a se dizer, por mais que nada venha a mudar. Não tenho o hábito de me arrepender do que faço, por alguns motivos. Costumo ponderar minhas decisões e sempre as considero dentro de um contexto e de uma intenção. Entretanto, tudo e todos são passíveis de falhas. E nunca deve ser tarde para se desculpar pelas nossas. Obs: não espere morrer para agir (a obviedade ululante de uma ironia).