sábado, 2 de julho de 2011

O amor bom é facinho


Por que as pessoas valorizam o esforço e a sedução?

Ivan Martins

Há conversas que nunca terminam e dúvidas que jamais desaparecem. Sobre a melhor maneira de iniciar uma relação, por exemplo. Muita gente acredita que aquilo que se ganha com facilidade se perde do mesmo jeito. Acham que as relações que exigem esforço têm mais valor. Mulheres difíceis de conquistar, homens difíceis de manter, namoros que dão trabalho - esses tendem a ser mais importantes e duradouros. Mas será verdade?

Eu suspeito que não.

Acho que somos ensinados a subestimar quem gosta de nós. Se a garota na mesa ao lado sorri em nossa direção, começamos a reparar nos seus defeitos. Se a pessoa fosse realmente bacana não me daria bola assim de graça. Se ela não resiste aos meus escassos encantos é uma mulher fácil – e mulheres fáceis não valem nada, certo? O nome disso, damas e cavalheiros, é baixa auto-estima: não entro em clube que me queira como sócio. É engraçado, mas dói.

Também somos educados para o sacrifício. Aquilo que ganhamos sem suor não tem valor. Somos uma sociedade de lutadores, não somos? Temos de nos esforçar para obter recompensas. As coisas que realmente valem a pena são obtidas à duras penas. E por aí vai. De tanto ouvir essa conversa - na escola, no esporte, no escritório - levamos seus pressupostos para a vida afetiva. Acabamos acreditando que também no terreno do afeto deveríamos ser capazes de lutar, sofrer e triunfar. Precisamos de conquistas épicas para contar no jantar de domingo. Se for fácil demais, não vale. Amor assim não tem graça, diz um amigo meu. Será mesmo?

Minha experiência sugere o contrário.

Desde a adolescência, e no transcorrer da vida adulta, todas as mulheres importantes me caíram do céu. A moça que vomitou no meu pé na festa do centro acadêmico e me levou para dormir na sala da casa dela. Casamos. A garota de olhos tristes que eu conheci na porta do cinema e meia hora depois tomava o meu sorvete. Quase casamos? A mulher cujo nome eu perguntei na lanchonete do trabalho e 24 horas depois me chamou para uma festa. A menina do interior que resolveu dançar comigo num impulso. Nenhuma delas foi seduzida, conquistada ou convencida a gostar de mim. Elas tomaram a iniciativa – ou retribuíram sem hesitar a atenção que eu dei a elas.

Toda vez que eu insisti com quem não estava interessada deu errado. Toda vez que tentei escalar o muro da indiferença foi inútil. Ou descobri que do outro lado não havia nada. Na minha experiência, amor é um território em que coragem e a iniciativa são premiadas, mas empenho, persistência e determinação nunca trouxeram resultado.

Relato essa experiência para discutir uma questão que me parece da maior gravidade: o quanto deveríamos insistir em obter a atenção de uma pessoa que não parece retribuir os nossos sentimos?

Quem está emocionalmente disponível lida com esse tipo de dilema o tempo todo. Você conhece a figura, acha bacana, liga uns dias depois e ela não atende e nem liga de volta. O que fazer? Você sai com a pessoa, acha ela o máximo, tenta um segundo encontro e ela reluta em marcar a data. Como proceder a partir daí? Você começou uma relação, está se apaixonando, mas a outra parte, um belo dia, deixa de retornar seus telefonemas. O que se faz? Você está apaixonado ou apaixonada, levou um pé na bunda e mal consegue respirar. É o caso de tentar reconquistar ou seria melhor proteger-se e ajudar o sentimento a morrer?

Todas essas situações conduzem à mesma escolha: insistir ou desistir?

Quem acha que o amor é um campo de batalha geralmente opta pela insistência. Quem acha que ele é uma ocorrência espontânea tende a escolher a desistência (embora isso pareça feio). Na prática, como não temos 100% de certeza sobre as coisas, e como não nos controlamos 100%, oscilamos entre uma e outra posição, ao sabor das circunstâncias e do tamanho do envolvimento. Mas a maioria de nós, mesmo de forma inconsciente, traça um limite para o quanto se empenhar (ou rastejar) num caso desses. Quem não tem limites sofre além da conta – e frequentemente faz papel de bobo, com resultados pífios.

Uma das minhas teorias favoritas é que mesmo que a pessoa ceda a um assédio longo e custoso a relação estará envenenada. Pela simples razão de que ninguém é esnobado por muito tempo ou de forma muito ostensiva sem desenvolver ressentimentos. E ressentimentos não se dissipam. Eles ficam e cobram um preço. Cedo ou tarde a conta chega. E o tipo de personalidade que insiste demais numa conquista pode estar movida por motivos errados: o interesse é pela pessoa ou pela dificuldade? É um caso de amor ou de amor próprio?

Ser amado de graça, por outro lado, não tem preço. É a homenagem mais bacana que uma pessoa pode nos fazer. Você está ali, na vida (no trabalho, na balada, nas férias, no churrasco, na casa do amigo) e a pessoa simplesmente gosta de você. Ou você se aproxima com uma conversa fiada e ela recebe esse gesto de braços abertos. O que pode ser melhor do que isso? O que pode ser melhor do que ser gostado por aquilo que se é – sem truques, sem jogos de sedução, sem premeditações? Neste momento eu não consigo me lembrar de nada.



(Ivan Martins escreve às quartas-feiras)

Obs: texto enviado a mim ontem pela minha querida amiga Regina Azevedo.

sexta-feira, 15 de abril de 2011

terça-feira, 12 de abril de 2011

*Mudança



*Poema erroneamente atribuído a Clarice Lispector. O verdadeiro autor é Edson Marques:

http://mude.blogspot.com/

Sente-se em outra cadeira, no outro lado da mesa. Mais tarde, mude de mesa.
Quando sair, procure andar pelo outro lado da rua. Depois, mude de caminho, ande por outras ruas, calmamente, observando com atenção os lugares por onde você passa.
Tome outros ônibus.
Mude por uns tempos o estilo das roupas. Dê os seus sapatos velhos. Procure andar descalço alguns dias. Tire uma tarde inteira para passear livremente na praia, ou no parque, e ouvir o canto dos passarinhos.
Veja o mundo de outras perspectivas.
Abra e feche as gavetas e portas com a mão esquerda. Durma no outro lado da cama... Depois, procure dormir em outras camas. Assista a outros programas de tv, compre outros jornais... leia outros livros.
Viva outros romances.
Não faça do hábito um estilo de vida. Ame a novidade. Durma mais tarde. Durma mais cedo.
Aprenda uma palavra nova por dia numa outra língua.
Corrija a postura.
Coma um pouco menos, escolha comidas diferentes, novos temperos, novas cores, novas delícias.
Tente o novo todo dia. O novo lado, o novo método, o novo sabor, o novo jeito, o novo prazer, o novo amor.
A nova vida. Tente. Busque novos amigos. Tente novos amores. Faça novas relações.
Almoce em outros locais, vá a outros restaurantes, tome outro tipo de bebida, compre pão em outra padaria.
Almoce mais cedo, jante mais tarde ou vice-versa.
Escolha outro mercado... outra marca de sabonete, outro creme dental... Tome banho em novos horários.
Use canetas de outras cores. Vá passear em outros lugares.
Ame muito, cada vez mais, de modos diferentes.
Troque de bolsa, de carteira, de malas, troque de carro, compre novos óculos, escreva outras poesias.
Jogue os velhos relógios, quebre delicadamente esses horrorosos despertadores.
Abra conta em outro banco. Vá a outros cinemas, outros cabeleireiros, outros teatros, visite novos museus.
Mude.
Lembre-se de que a Vida é uma só. E pense seriamente em arrumar um outro emprego, uma nova ocupação, um trabalho mais light, mais prazeroso, mais digno, mais humano.
Se você não encontrar razões para ser livre, invente-as. Seja criativo.
E aproveite para fazer uma viagem despretensiosa, longa, se possível sem destino. Experimente coisas novas. Troque novamente. Mude, de novo. Experimente outra vez.
Você certamente conhecerá coisas melhores e coisas piores do que as já conhecidas, mas não é isso o que importa.
O mais importante é a mudança, o movimento, o dinamismo, a energia. Só o que está morto não muda !
Repito por pura alegria de viver: a salvação é pelo risco, sem o qual a vida não
vale a pena!

Edson Marques

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Veteranos de Guerra - Martha Medeiros


Depois de uma certa idade, somos todos veteranos de alguma relação amorosa que deixou cicatrizes.

Todos.

Há inclusive os que trazem marcas imperceptíveis a olho nu, pois não são sobreviventes do que lhes aconteceu, e sim do que não lhes aconteceu: sobreviveram à irrealização de seus sonhos, que é algo que machuca muito mais. São os veteranos da solidão.

Há aqueles que viveram um amor de juventude que terminou cedo demais, seja por pressa, inexperiência ou imaturidade. Casam-se, depois, com outra pessoa, constituem família e são felizes, mas dói uma ausência do passado, aquela pequena batalha perdida.

Há os que amaram uma vez em silêncio, sem se declararem, e trazem dentro do peito essa granada que não foi detonada. Há os que se declararam e foram rejeitados, e a granada estraçalhou tudo por dentro, mesmo que ninguém tenha notado. E há os que viveram amores ardentes, explosivos, computando vitórias e derrotas diárias: saem com talhos na alma, porém mais fortes do que antes.

Há os que preferem não se arriscar: mantêm-se na mesma trincheira sem se mover, escondidos da guerra, mas ela os alcança, sorrateira, e lhes apresenta um espelho para que vejam suas rugas e seu olhar opaco, as marcas precoces que surgem nos que, por medo de se ferir, optaram por não viver.

Há os que têm a sorte de um amor tranquilo: foram convocados para serem os enfermeiros do acampamento, os motoristas da tropa, estão ali para servir e não para brigar na linha de frente, e sobrevivem sem nem uma unha quebrada, mas desfilam mesmo assim, vitoriosos, porque foram imprescindíveis ao limpar o sangue dos outros.

Há os que sofrem quando a guerra acaba, pois ao menos tinham um ideal, e agora não sabem o que fazer com um futuro de paz.

Há os que se apaixonam por seus inimigos. A esses, o céu e o inferno estão prometidos.

E há os que não resistem até o final da história: morrem durante a luta e viram memória.

Todos são convocados quando jovens. Mas é no desfile final que se saberá quem conquistou medalhas por bravura e conseguiu, em meio ao caos, às neuras e às mutilações, manter o coração ainda batendo.

segunda-feira, 28 de março de 2011

Vende-se Casa III - Maresia



Casas podem ser sonhos de consumo. Grandes, pequenas, vistosas ou atraentes pela simplicidade. O importante é que correspondam às nossas mínimas expectativas do que seja um "lar". Nossas referências prévias fazem dessa estrutura um local aconchegante.
Eventualmente, em caso de baixo orçamento inicial, podemos vislumbrá-la ainda melhor do que é, projetando algumas reformas.
Quando pensamos em investir nossas economias em um imóvel, seria bastante prudente solicitar acessoria a um engenheiro, para verificar se a estrutura está íntegra. Os bens mais caros e aparentemente perfeitos podem conter graves vícios ocultos.
A ausência da devida cautela pode fazer com que se invista boa parte do seu capital em algo pouco sólido. O que não tem remédio, remediado está (ditado geriátrico). Um belo dia ao acordar e colocar seus óculos para os seus 300 graus de miopia, olha para a parede da sala e uma enorme rachadura que se estende até o teto, atingindo uma das vigas de sustentação da casa. Viu, mas não fez questão de enxergar aquela pequena fissura que crescia 1 ou 2mm a cada dia. "Mas que aaaantaaaaa! Por que não dei importância a tempo???" Primeiro raciocínio: será que tem conserto? Ainda posso evitar que tudo desmorone? Quanto será que vai custar? Certamente será caro, tão caro a ponto de valer o preço total do imóvel. Talvez seja melhor vender...Mas eu gosto tanto daqui! Investi tanto para agora ter de deixá-la para trás...Ponderando, chega-se à conclusão que a segurança é o que realmente importa. Jamais deixaria minha vida exposta a tal risco. Melhor mesmo vender. Pode ser que seja um bom motivo para ir morar mais perto da praia. Dessa vez, protegerei a casa dos efeitos danosos da maresia...(pelo cheiro da mar, valeria arriscar).

domingo, 20 de março de 2011

Você tem medo de dizer eu te amo?

http://www.youtube.com/watch?v=YzrrExK5yAM&hd=1

quinta-feira, 10 de março de 2011

As Melhores Coisas do Mundo




Para discutir "bullying" - ou simplesmente para curtir um bom filme!

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Luz de lanterna, sopro de vento



Tendo o marido partido para a guerra, na primeira noite da sua ausência a mulher acendeu uma lanterna e pendurou-a do lado de fora da casa. "Para trazê-lo de volta," murmurou. E foi dormir.

Mas, ao abrir a porta na manhã seguinte, deparou-se com a lanterna apagada. "Foi o vento da madrugada," pensou olhando para o alto como se pudesse vê-lo soprar.

À noite, antes de deitar, novamente acendeu a lanterna que, a distância deveria indicar ao seu homem o caminho de casa.

Ventou de madrugada. Mas era tão tarde e ela estava tão cansada que nada ouviu, nem o farfalhar das árvores, nem o gemido das frestas, nem o ranger das argolas da lanterna. E de manhã surpreendeu-se ao encontrar a luz apagada.

Naquela noite, antes de acender a lanterna, demorou-se estudando o céu límpido, as claras estrelas. "Na certa não ventará," disse em voz alta, quase dando uma ordem. E encostou a chama do fósforo no pavio.

Se ventou ou não, ela não saberia dizer. Mas antes que o dia raiasse não havia mais nenhuma luz, a casa desaparecia nas trevas.

Assim foi durante muitos e muitos dias, a mulher sem nunca desistir acendendo a lanterna que o vento, com igual constância apagava.

Talvez meses tivessem passado quando num entardecer, ao acender a lanterna, a mulher viu ao longe recortada contra a luz que lanhava em sangue o horizonte, a silhueta escura de um homem a cavalo. Um homem a cavalo que galopava na sua direção.

Aos poucos, apertando os olhos para ver melhor, destinguiu a lança erguida ao lado da sela, os duros contornos da couraça. Era um soldado que vinha. Seu coração hesitou entre o medo e a esperança. O fôlego se reteve por instantes entre lábios abertos. E já podia ouvir os cascos batendo sobre a terra, quando começou a sorrir. Era seu marido que vinha.

Apeou o marido. Mas só com um braço rodeou-lhe os ombros. A outra mão pousou na empunhadura da espada. Nem fez menção de encaminhar-se para a casa.

Que não se iludisse. A guerra não havia acabado. Sequer havia acabado a batalha que deixara pela manhã. Coberto de poeira e sangue, ainda assim não havia vindo para ficar. "Vim porque a luz que você acende à noite não me deixa dormir," disse-lhe quase ríspido. "Brilha por trás das minhas pálpebras fechadas, como se me chamasse. "Só de madrugada depois que o vento sopra posso adormecer."

A mulher nada disse. Nada pediu. Encostou a mão no peito do marido, mas o coração dele parecia distante, protegido pelo couro da couraça.

"Deixe-me fazer o que tem de ser feito, mulher," disse sem beijá-la. De um sopro apagou a lanterna. Montou a cavalo, partiu. Adensavam-se as sombras, e ela não pode sequer vê-lo afastar-se contra o céu.

A partir daquela noite, a mulher não acendeu mais nenhuma luz. Nem mesmo a vela dentro de casa, não fosse a chama acender-se por trás das pálbebras do marido.

No escuro, as noites se consumiam rápidas. E com elas carregavam os dias, que a mulher nem contava. Sem saber ao certo quanto tempo havia passado, ela sabia porém que era tanto.

E, passado , num final de tarde em que a soleira da porta despedia-se da última luz no horizonte, viu desenhar-se lá longe a silhueta de um homem. Um homem à pé que caminhava na sua direção. Protegeu os olhos com a mão para ver melhor e aos poucos, porque o homem avançava devagar, começou a distinguir a cabeça baixa, o contorno dos ombros cansados. Contorno doce, sem couraça, retendo o sorriso nos lábios- tantos homens haviam passado sem que nenhum fosse o que ela esperava. Ainda não podia ver-lhe o rosto, oculto entre a barba e o chapéu, quando deu o primeiro passo e correu ao seu encontro, liberando o coração. Era seu marido que voltava da guerra.

Não precisou perguntar-lhe se havia vindo para ficar. Caminharam até a casa. Já iam entrar. Quando ele se reteve. Sem pressa voltou-se, e, embora a noite ainda não tivesse chegado, acendeu a lanterna. Só entrou com a mulher. E fechou a porta.




COLASANTI, Marina."Luz de lanterna, sopro de vento ". IN: Um Espinho de Marfim e outras histórias. Porto Alegre: L&PM. p. 39,1999.

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Eu sei, mas não devia

Eu sei, mas não devia


Eu sei que a gente se acostuma. Mas não devia.
A gente se acostuma a morar em apartamento de fundos
e a não ter outra vista que não seja as janelas ao redor.

E porque não tem vista, logo se acostuma a não olhar para fora.
E porque não olha para fora logo se acostuma a não abrir de todo as cortinas.
E porque não abre as cortinas logo se acostuma acender mais cedo a luz.
E a medida que se acostuma, esquece o sol, esquece o ar, esquece a amplidão.

A gente se acostuma a acordar de manhã sobressaltado porque está na hora.
A tomar café correndo porque está atrasado.
A ler jornal no ônibus porque não pode perder tempo da viagem.
A comer sanduíche porque não dá pra almoçar.
A sair do trabalho porque já é noite.
A cochilar no ônibus porque está cansado.
A deitar cedo e dormir pesado sem ter vivido o dia.

A gente se acostuma a abrir o jornal e a ler sobre a guerra.
E aceitando a guerra, aceita os mortos e que haja número para os mortos.
E aceitando os números aceita não acreditar nas negociações de paz,
aceita ler todo dia da guerra, dos números, da longa duração.

A gente se acostuma a esperar o dia inteiro e ouvir no telefone: hoje não posso ir.
A sorrir para as pessoas sem receber um sorriso de volta.
A ser ignorado quando precisava tanto ser visto.
A gente se acostuma a pagar por tudo o que deseja e o de que necessita.
A lutar para ganhar o dinheiro com que pagar.

E a ganhar menos do que precisa.
E a fazer filas para pagar.
E a pagar mais do que as coisas valem.
E a saber que cada vez pagará mais.
E a procurar mais trabalho, para ganhar mais dinheiro, para ter com que pagar nas filas que se cobra.

A gente se acostuma a andar na rua e a ver cartazes.
A abrir as revistas e a ver anúncios.
A ligar a televisão e a ver comerciais.
A ir ao cinema e engolir publicidade.
A ser instigado, conduzido, desnorteado, lançado na infindável catarata dos produtos.
A gente se acostuma à poluição.

As salas fechadas de ar condicionado e cheiro de cigarro.
A luz artificial de ligeiro tremor.
Ao choque que os olhos levam na luz natural.
Às bactérias da água potável.
A contaminação da água do mar.
A lenta morte dos rios.

Se acostuma a não ouvir o passarinho, a não ter galo de madrugada, a temer a hidrofobia dos cães,
a não colher fruta no pé, a não ter sequer uma planta.
A gente se acostuma a coisas demais para não sofrer.

Em doses pequenas, tentando não perceber, vai se afastando uma dor aqui,
um ressentimento ali, uma revolta acolá.
Se o cinema está cheio a gente senta na primeira fila e torce um pouco o pescoço.
Se a praia está contaminada a gente só molha os pés e sua no resto do corpo.

Se o trabalho está duro, a gente se consola pensando no fim de semana.
E se no fim de semana não há muito o que fazer a gente vai dormir cedo
e ainda fica satisfeito porque tem sempre sono atrasado.

A gente se acostuma para não se ralar na aspereza, para preservar a pele.
Se acostuma para evitar feridas, sangramentos, para esquivar-se
da faca e da baioneta, para poupar o peito.
A gente se acostuma para poupar a vida que aos poucos se gasta e, que gasta,
de tanto acostumar, se perde de si mesma.


Marina Colasanti

terça-feira, 20 de julho de 2010

Elvis, O Gato Boleiro

Meu "gatorro" Elvis!


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domingo, 23 de maio de 2010

Saúde Mental - Martha Medeiros

Armados até os dentes contra qualquer instabilidade, como gozar a vida?

Acabo de saber da existência de um filósofo grego chamado Alcméon, que viveu no século 6 antes de Cristo, e que certa vez disse que saúde é o equilíbrio de forças contraditórias.

O psicanalista Paulo Sergio Guedes, nosso contemporâneo, reforça a mesma teoria em seu novo livro (A Paixão, Caminhos & Descaminhos, em que ele discute os fundamentos da psicanálise). Escreve Guedes: “A saúde constitui sempre um estado de equilíbrio instável de forças, enquanto a doença traz em si a ilusória sensação de estabilidade e permanência”.

Não sei se entendi direito, mas me pareceu coerente. O sujeito de boa cuca não é aquele que pensa de forma militarizada. Não é o que nunca se contradiz. Não é o cara regido apenas pela lógica e que se agarra firmemente em suas verdades imutáveis. Esse, claro, é o doente.

Do nascimento à morte há uma longa estrada a ser percorrida. Para atravessá-la, recebemos uma certa munição no reduto familiar, mas nem sempre é a munição que precisávamos: em vez de nos darem conhecimento, nos deram regras rígidas. Em vez de nos ofertarem arte, nos deram apenas futebol e novela. Em vez de nos estimularem a reverenciar a paixão e o encantamento, nos adestraram para ter medo. E lá vamos nós, vestidos com essa camisa de força emocional, encarar os dias em total estado de insegurança, desprotegidos para uma guerra que começa já dentro da própria cabeça.

Armados até os dentes contra qualquer instabilidade, como gozar a vida?

A paz que tanto procuramos não está na previsibilidade e na constância, e sim no reconhecimento de que ambas inexistem: nada é previsível nem constante. E isso enlouquece a maioria das pessoas. Quer dizer que não temos poder nenhum? Pois é, nenhum.

Dá medo, no início. Mas o segredo está em acostumar-se com a ideia. Só então é que se consegue relaxar e se divertir.

Ou seja, a pessoa de mente saudável é aquela que, sabedora da sua impotência contra as adversidades, não as camufla, e sim as enfrenta, assume a dor que sente, sofre e se reconstrói, e assim ganha experiência para novos embates, sentindo-se protegida apenas pela consciência que tem de si mesma e do que a cerca – o universo todo, incerto e mágico.

Acho que é isso. Espero que seja isso, pois me parece perfeitamente curável, basta a coragem de se desarmar. O sujeito com a mente confusa é um cara assustado, que se algemou em suas próprias convicções e tenta, sem sucesso, se equilibrar em um pensamento único, sem se movimentar.

Já o sadio baila sobre o precipício.


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segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Historia de Dos Cerebros

Não é questão de sexismo, não. São diferenças, simplesmente!

Sen-sa-cio-nal!

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Aos Gateiros, Cachorreiros...

Peguem um lenço antes de assistir...


http://www.flixxy.com/dog-loves-cat.htm


Beijos aos amigos gateiros, cachorreiros e "bicheiros" em geral!

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Socoooorroooo!!!



Momento jiu-jítsu felino: Elvis X Priscila.
Entre tapas e beijos, estão finalmente entrando em acordo quanto à "posse" do território (leia-se "meu apartamento")!

Beijos aos amigos gateiros, cachorreiros...

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

...

Da Minha Precoce Nostalgia
Por Maria Sanz Martins

Quando eu for bem velhinha, espero receber a graça de, num dia de
domingo, me sentar na poltrona da biblioteca e, bebendo um cálice de
Porto, dizer a minha neta:
- Querida, venha cá. Feche a porta com cuidado e sente-se aqui ao meu
lado. Tenho umas coisas pra te contar.
E assim, dizer apontando o indicador para o alto:
- O nome disso não é conselho, isso se chama corroboração!
Eu vivi, ensinei, aprendi, caí, levantei e cheguei a algumas
conclusões. E agora, do alto dos meus 82 anos, com os ossos frágeis a
pele mole e os cabelos brancos, minha alma é o que me resta saudável e
forte.
Por isso, vou colocar mais ou menos assim:
É preciso coragem para ser feliz. Seja valente.
Siga sempre seu coração. Para onde ele for, seu sangue, suas veias e
seus olhos também irão.
E satisfaça seus desejos. Esse é seu direito e obrigação.
Entenda que o tempo é um paciente professor que irá te fazer crescer,
mas escolha entre ser uma grande menina ou uma menina grande, vai
depender só de você.
Tenha poucos e bons amigos. Tenha filhos. Tenha um jardim. Aproveite
sua casa, mas vá a Fernando de Noronha, a Barcelona e a Austrália.
Cuide bem dos seus dentes.
Experimente, mude, corte os cabelos. Ame. Ame pra valer, mesmo que ele
seja o carteiro.
Não corra o risco de envelhecer dizendo "ah, se eu tivesse feito..."
Tenha uma vida rica de vida.
Vai que o carteiro ganha na loteria - tudo é possível, e o futuro é
imprevisível.
Viva romances de cinema, contos de fada e casos de novela.
Faça sexo, mas não sinta vergonha de preferir fazer amor.
E tome conta sempre da sua reputação, ela é um bem inestimável. Porque
sim, as pessoas comentam, reparam, e se você der chance elas inventam
também detalhes desnecessários.
Se for se casar, faça por amor. Não faça por segurança, carinho ou status.
A sabedoria convencional recomenda que você se case com alguém
parecido com você, mas isso pode ser um saco!
Prefira a recomendação da natureza, que com a justificativa de
aperfeiçoar os genes na reprodução, sugere que você procure alguém
diferente de você. Mas para ter sucesso nessa questão, acredite no
olfato e desconfie da visão. É o seu nariz quem diz a verdade quando o
assunto é paixão.
Faça do fogão, do pente, da caneta, do papel e do armário, seus
instrumentos de criação. Leia.
Pinte, desenhe, escreva. E por favor, dance, dance, dance até o fim,
se não por você, o faça por mim.
Compreenda seus pais. Eles te amam para além da sua imaginação, sempre
fizeram o melhor que puderam, e sempre farão.
Cultive os amigos. Eles são a natureza ao nosso favor e uma das formas
mais raras de amor.
Não cultive as mágoas - porque se tem uma coisa que eu aprendi nessa
vida é que um único pontinho preto num oceano branco deixa tudo cinza.
Era só isso minha querida. Agora é a sua vez. Por favor, encha mais
uma vez minha taça e me conte: como vai você?

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Amadurecer

Lendo poesias ao acaso, encontrei este da Cecília que me pareceu uma descrição do amadurecimento - lindo!


4º Motivo Da Rosa (Cecília Meireles)

Não te aflijas com a pétala que voa:
também é ser, deixar de ser assim.

Rosas verá, só de cinzas franzidas,
mortas, intactas pelo teu jardim.

Eu deixo aroma até nos meus espinhos
ao longe, o vento vai falando de mim.

E por perder-me é que vão me lembrando,
por desfolhar-me é que não tenho fim.

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Bichanos - Simon's Cat

Para quem curte gatos:

http://www.youtube.com/user/simonscat?blend=1&ob=4

Logo abaixo, fotos do meu felino Elvis (em homenagem ao Rei do Rock - observem a semelhança incrível dos "cabelos"!):





terça-feira, 18 de agosto de 2009

Procedimentos de Segurança - Thompson Airways



Muito fofo! Para que gosta de crianças, bem ou mal passadas - brincadeirinha!
O toque especial fica por conta do sotaque britânico da guriazinha!

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Pelado No Estádio


Olha eu aqui de novo superando a minha preguiça...Tudo bem - tem um pouquinho de cansaço aqui também. Segundas-feiras são sempre um pouco traumatizantes mesmo. Fui dar uma conferida no meu blog favorito "Crer Para Ver", que me servirá de inspiração mais uma vez. Ao ler a postagem mais recente ("Inteligência Emocional?"), tive uma vontade irresistível de passar minhas idéias para o papel (quase vencida pela vontade de me enfiar embaixo das cobertas quentinhas). No texto, a Lu escreveu sobre uma situação difícil que viveu - profissionalmente falando. (Ãh?) Profissionalmente E humanamente, por que são indissociáveis. Olha eu me enrolando toda para falar. Bem, a reflexão que queria fazer a respeito do texto é...como perdemos oportunidades de dizer coisas por receio, quando tantos gostariam de fazê-lo e não podem. Tenho um cérebro (quase) íntegro, meu aparelho fonador funciona beeeeem (dá um probleminha no volume, às vezes), escuto bem até por demais(talvez possuir um certo déficit auditivo não deva ser de todo ruim)...Mas até eu que sou uma tagarela nata tenho dificuldade de verbalizar certas coisas. E olha quantas vezes já falei aqui que não se deveria jamais economizar palavras de carinho e atos de gentileza. Eu não sei direito se isso é uma característica dita "feminina": pensar demais. Tênue esse limite entre resguardo X exposição. A questão pode não ser o que estamos falando, mas sim, o que nossas palavras revelam sobre nós (e a nós, principalmente) mesmos.Auto-paranóia? Superego insuflado? Seja lá o que for, tenho prazer em me superar dizendo: "Desembuuuxaaaaa!!!". Dá certo-quase sempre. Se for para assistir nosso time ganhar, vale até a pena *entrar nu no estádio.

* Atenção, concretóides: isso é apenas figura de linguagem.

terça-feira, 12 de maio de 2009

Meu Pó Ninja C'est Fini


Quando pensei em começar a escrever este texto, imaginei algo bem telegráfico. Em itens, como uma lista. Foi então que tive aquele momento básico de auto-crítica: "será que isso é o meu lado milico se manifestando???". Pensei melhor e, por via das dúvidas, resolvi manter meu consagrado estilo (essa foi boa!).Para começar minha usual fuga de idéias, confesso que, por pouco, não acabei de vez com este blog. E não foi por falta de assunto. Estou em um momento de vida muito rico.A minha experiência no exército é só uma parte dele. De alguns tempos para cá, já vinha com alguma preocupação em não me expor por aqui. Não quero me tornar repetitiva tocando nesse assunto.Tenho mesmo sentido essa necessidade de me manter mais reservada. E não é por decepção ou tristeza, como em outras épocas. Acho que a palavra certa é...zelo! Bem, vou parando por aqui. O dia hoje foi bem puxado e é hora de descansar. Estava com saudades. Vou fazer uma forcinha para escrever mais seguido. Beijos a todos e obrigada por não desistirem daqui!

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Exército Brasileiro


Queridos leitores!

Tenho estado um tanto ausente do blog. Me desculpem. É que estou em treinamento militar que terá duração de 45 dias. Ralando muito e aprendendo mais ainda. Está sendo uma experiência surpreendentemente interessante. Assunto não está faltando nesse momento tão rico da minha vida. Estou carecendo de tempo, na verdade. Disposição, não me falta (e como!). Resiliência e obstinação têm sido meus lemas nos últimos dias (também). E me sinto feliz e cada vez mais convencida de que nada, mas nada mesmo na vida, é obtido sem empenho. Conquistas requerem um esforço continuado e perseverante (vulgo "disciplina"). No Exército, não é diferente.

Grande abraço a todos!

Beth.

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

VOLTAR SEMPRE


Voltar é verbo que deveria ser conjugado sempre, todos os dias. Tem a ver com esperança, com vontade e até com necessidade de viver. Tem muita gente voltando todos os dias e muitas vezes não percebemos.

Voltar para terminar um trabalho que ficou pelo caminho é uma honra que poucos têm o privilégio de ter. É gratificante voltar para casa depois de um dia de trabalho e rever familiares, amigos ou mesmo ficar naquele longo silêncio que serve para realimentar a alma da gente.

E quando voltamos a reencontrar amigos de infância que se perderam por esses caminhos da vida:

– Tu não és o fulano?

– Sim, e tu és o cara que brigava comigo por causa de futebol? Bah!

Visitar o nosso passado e voltar a ver que a vida era uma pelada na rua com amigos e alguns banhos de chuva é também muito bom. Amizades perdidas no tempo também se recuperam, ainda bem.

Voltar à rua onde tudo começou, olhar a janela onde a namoradinha ficava à espera de um simples olhar (o único da semana muita vezes) e perceber que o tempo não é cruel com quem tem histórias para deixar também é perfeito.

– Quem não tem histórias para contar não merece ter vivido... – diz às vezes um colega, lembrando uma frase que nunca esqueceu.

Voltar a acreditar em si mesmo para perceber que, se a vida dá voltas, também é possível dar voltas nela a todo momento e refazer muitas coisas. O acaso existe, sim, e nos leva a lugares improváveis e desconhecidos, mas somos donos do nosso destino, ninguém mais tem esse poder.

Voltar para ver os filhos, que cresceram e se mandaram para outras bandas ou estão tão pequeninhos que precisamos cuidar deles com o olhar. Voltar a escrever cartas à mão, inspirados apenas pela leveza da vida e pela incerteza do futuro.

Voltar a viver depois de ter "queimado" a primeira vida! Quantos tiveram o dom de "renascer" depois de algo muito grave, delicado, enfim? Essa segunda chance nada mais é do que uma volta à vida. Voltar a acreditar!

Daniel Corrêa - Jornalista de "O Pioneiro"

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Ressaca Moral


Bah, quando revisei as últimas postagens, percebi que faz tempo que não escrevo nada de consistente aqui. Textos curtos ou de autoria de outra pessoa. Bem, vou discorrer sobre um tema que talvez já tenha abordado por aqui, mas que senti de uma forma bem concreta recentemente. Estava refletindo sobre a "ressaca moral". Sem clichês, não me refiro ao que as outras pessoas pensam sobre minhas atitudes. O que pesa, no final das contas, é como nos sentimos em relação aos nossos próprios atos. Me peguei "no flagra" apresentando "contas" a um não "devedor". Lembrei de uma frase mais ou menos assim "Problemas são como facas: podemos escolher pegá-los pelo cabo ou pela lâmina". Pois é. Os mesmos "mecanismos de defesa" que podem nos ser tão úteis, se em excesso ou mal aplicados, podem servir de boicote a nossa felicidade. O bom de tudo é que percebi a tempo de consertar o estrago. Dimensionei de verdade a importância de nos policiarmos constantemente nesse sentido. E também cheguei a uma conclusão interessante (e certamentente, difícil de aplicar na prática). Talvez seja mais produtivo dispendermos maior tempo e energia analisando nossa própria postura do que as alheias. "Minha atitude depende da sua". Será mesmo? Até que ponto? Melhor tentar "boiar" um pouquinho, como diria minha amiga Lu...

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Saúde



Me cansei de lero-lero
Dá licença mas eu vou sair do sério
Quero mais saúde
Me cansei de escutar opiniões
De como ter um mundo melhor
Mas ninguém sai de cima
Nesse chove-não-molha
Eu sei que agora
Eu vou é cuidar mais de mim!

Como vai, tudo bem
Apesar, contudo, todavia, mas, porém
As águas vão rolar
Não vou chorar
Se por acaso morrer do coração
É sinal que amei demais
Mas enquanto estou viva
Cheia de graça
Talvez ainda faça
Um monte de gente feliz!

Quanto você vale?



- Venho aqui, professor, porque me sinto tão pouca coisa, que não tenho forças para fazer nada. Dizem-me que não sirvo para nada, que não faço nada bem, que sou lerdo e muito idiota. Como posso melhorar? O que posso fazer para que me valorizem mais?

O professor, sem olhá-lo, disse:

- Sinto muito, meu jovem, mas não posso te ajudar. Devo primeiro resolver o meu próprio problema. Talvez, depois.

E fazendo uma pausa, falou:

- Se você me ajudasse, eu poderia resolver este problema com mais rapidez e depois, talvez, possa te ajudar.

- C...claro, professor, gaguejou o jovem, que se sentiu outra vez desvalorizado e hesitou em ajudar seu professor. O professor tirou um anel que usava no dedo pequeno e deu ao garoto e disse:

- Monte no cavalo e vá até o mercado. Devo vender esse anel porque tenho que pagar uma dívida. É preciso que obtenhas pelo anel o máximo possível, mas não aceite menos que uma moeda de ouro. Vá e volte com a moeda o mais rápido possível.

O jovem pegou o anel e partiu. Mal chegou ao mercado, começou a oferecer o anel aos mercadores. Eles olhavam com algum interesse, até quando o jovem dizia o quanto pretendia pelo anel. Quando o jovem mencionava uma moeda de ouro, alguns riam, outros saíam sem ao menos olhar para ele, mas só um velhinho foi amável a ponto de explicar que uma moeda de ouro era muito valiosa para comprar um anel. Tentando ajudar o jovem, chegaram a oferecer uma moeda de prata e uma xícara de cobre, mas o jovem seguia as instruções de não aceitar menos que uma moeda de ouro e recusava as ofertas.

Depois de oferecer a jóia a todos que passaram pelo mercado, abatido pelo fracasso montou no cavalo e voltou. O jovem desejou ter uma moeda de ouro para que ele mesmo pudesse comprar o anel, assim livrando a preocupação e seu professor e, assim, podendo receber ajuda e conselhos. Entrou na casa e disse:

- Professor, sinto muito, mas é impossível conseguir o que me pediu. Talvez pudesse conseguir 2 ou 3 moedas de prata, mas não acho que se possa enganar ninguém sobre o valor do anel.

- Importante o que disse, meu jovem, contestou sorridente o mestre. - Devemos saber primeiro o valor do anel. Volte a montar no cavalo e vá até o joalheiro. Quem melhor para saber o valor exato do anel? Diga que quer vendê-lo e pergunte quanto ele te dá por ele. Mas não importa o quanto ele te ofereça, não o venda. Volte aqui com meu anel.

O jovem foi até o joalheiro e lhe deu o anel para examinar. O joalheiro examinou-o com uma lupa, pesou-o e disse:

- Diga ao seu professor, se ele quiser vender agora, não posso dar mais que 58 moedas de ouro pelo anel.

O jovem, surpreso, exclamou:

- 58 MOEDAS DE OURO!!!

- Sim, replicou o joalheiro, eu sei que com tempo poderia oferecer cerca de 70 moedas , mas se a venda é urgente...

O jovem correu emocionado para a casa do professor para contar o que ocorreu.

- Sente-se, disse o professor, e depois de ouvir tudo que o jovem lhe contou, disse:

- Você é como esse anel, uma jóia valiosa e única. E que só pode ser avaliada por um expert. Pensava que qualquer um podia descobrir o seu verdadeiro valor???

E dizendo isso voltou a colocar o anel no dedo.

- Todos somos como esta jóia. Valiosos e únicos e andamos pelos mercados da vida pretendendo que pessoas inexperientes nos valorizem.

(Autor desconhecido)

sábado, 10 de janeiro de 2009

Força na Peruca



Retomando os treinos após uma semana de pausa por uma tendinite.
Ser saudável caaansa - nada que uns minutinhos deitada em um banco na Redenção não resolva!
Agradecimentos a São Pedro pelo dia fresquinho!
E força na peruca, como diria minha amiga Aninha!

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

* Alexitimia



Passada a grande agitação de Natal e fim de ano, cá estou eu disposta a escrever novamente. São tantos assuntos atrasados que nem sei por onde começar. Coloquei "Al Lado del Camino" para colaborar na inspiração. Bem, o "nitro" para a minha vontade foi um telefonema de uma amiga de São Paulo que recebi agora há pouco. Ela me ligou exclusivamente para me contar um comentário positivo que uma pessoa que admiro muito teceu a meu respeito. O que foi, não vem ao caso (não sou o Caetano Veloso para ficar me atirando confete!). Mas serviu como um gancho para esta postagem. Um dia desses, conversava com um amigo. Ele me contou que tem dificuldade em expressar sentimentos e não costuma demonstrar o que sente/pensa. Admirei sua lucidez de admitir, mas confesso que ao mesmo tempo, senti pena dele. Seres humanos são diferentes, eu sei. E nem sempre pode ser adequado manifestar abertamente nossos pensamentos. Mas penso que, se tratando de tecer elogios, poderia certamente haver um maior esforço de fazê-lo com maior frequência. Conversei, recentemente, com um outro amigo paulista sobre como as pessoas confundem "transtornos" com "problemas", não conferindo às coisas/acontecimentos, sua real dimensão. Nem sei por que misturei esses dois assuntos...É a minha velha fuga de idéias se manifestando. Esse meu amigo citou um episódio em que sua ex-namorada perdeu o celular e surtou (sem exagero). Ao final da conversa, concluí que talvez nosso trabalho seja em parte responsável por essa postura mais "relax" (coerente?). Eu médica e ele, promotor de justiça. Duas profissões em que nos deparamos com as mazelas e, sobretudo, com a fragilidade humana. Acho que achei o "link" dos dois assuntos. Ao enxergar claramente que a vida está constantemente por um fio (sim, está - nós apenas negamos essa realidade), percebi a importância de não deixar para amanhã o que posso dizer/fazer hoje. Aprendi que têm coisas que não se economizam: carinho, beijo, abraço, sorriso, palavras...Nossa, isso aqui tá parecendo aqueles textos de auto-ajuda! Ah! Queria contar a respeito de algo que me aconteceu recentemente na "balada" (termo adolescentesco). Fim de festa (meeesmo), às 7h da manhã. Entrei no banheiro e sei lá por que, acabei puxando papo com a moça que estava trabalhando ali. Aliás, acho que era uma das poucas pessoas sóbrias além de mim naquele lugar. Papo vai, papo vem, estávamos em um debate prá lá de profundo sobre relações humanas (em geral). Ela, uma mulher de trinta e poucos, com uma filha de seis anos. Um tanto desiludida em relação à humanidade e aos homens, em especial. Eu, trintinha recém completos, solteira, sem filhos, otimista e cheia de sonhos. Algo como "Papa X Darwin". Voltamos a nos encontrar antes de eu ir embora e ela me disse: "Daqui há uns quatro anos a gente volta a conversar e quero ouvir o que tens a me dizer(com aquele ar de veterana)..." . Resposta: "Tenho uma característica que ainda não sei se é qualidade ou defeito: sou extremamanete otimista!". Admito que por dentro senti um certo medo de que ela estivesse certa. Filosofia de botequim que nada! Descobri que boa mesmo é a filosofia de "balada". Da próxima vez, vou beber - é mais seguro (se não estiver dirigindo, claro).

* Wikipédia:

A Alexitimia (ou Aleximia) é um transtorno mental ou psicológico caracterizado pela dificuldade de expressar e identificar as próprias emoções.

Um dos principais sintomas é a confusão entre sensações e sentimentos, e grande dificuldade em expressar os sentimentos através de palavras. O alexitímico costuma relacionar suas sensações físicas aos seus sentimentos. Por exemplo, após sofrer um duro golpe emocional, o alexitímico irá reclamar de dor de cabeça ou fadiga, mas não saberá relatar de forma clara o que realmente sentiu.

quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

Seja "IDIOTA"



A "idiotice" é vital para a felicidade!!

Gente chata é sempre séria, profunda e visceral. A vida já é um caos. Por que fazermos dela, ainda por cima, um tratado?

Deixe a seriedade para as horas em que ela é inevitáve: mortes, separações, dores e afins.

No dia-a-dia, pelo amor de Deus, seja "idiota"!

Ria dos próprios defeitos. E de quem acha defeitos em você. Ignore os mal-humorados que criticam sua maneira de agir. Pense assim: quem tem que carregar aquela cara feia, todos os dias, inseparavelmente, é ele. Pobre dele!

Milhares de casamentos acabaram não pela falta de amor, dinheiro, sexo, sincronia, mas pela ausência de "idiotice".

Quem disse que é bom dividirmos a vida com alguém que tem conselho pra tudo, soluções sensatas mas não consegue rir quando tropeça?

Alguém que sabe resolver uma crise familiar mas não tem a menor idéia de como preencher as horas livres de um fim de semana?

É bem comum gente que fica perdida quando se acabam os problemas. E daí, o que elas farão se já não têm por que se desesperar?

Desaprenderam a brincar. Eu não quero alguém assim comigo. Você quer? Espero que não!

Tudo que é mais difícil é mais gostoso, mas... a realidade já é dura; piora se for densa.

Adultos podem (e devem) contar piadas, passear no parque, rir alto e lamber a tampa do iogurte.

Ser adulto não é perder os prazeres da vida e esse é o único "não" realmente aceitável.

Teste a teoria. Acorde de manhã e decida entre duas coisas: ficar de mau humor ou sorrir...

Bom mesmo é ter o mínimo de problema na cabeça, sorriso na boca e paz no coração!

quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

Chove Chuva...



Correr na chuva é uma de-lí-cia!

Fotinho tirada hoje, após o meu treino.

Beijos e um feliz Natal a todos!

terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Corra, Beth, Corra!


Preciso compartilhar um momento muito especial da minha vida com todos! Redescobri o prazer de fazer exercícios físicos. Um em especial: correr. Estou bastante surpresa comigo mesma, afinal, esse esporte sempre esteve em último no "ranking" das minha (escassas) preferências. Continuo com a patinação - não com a freqüência que gostaria, por que requer uma certa estrutura para ser praticado. Há uns bons anos, lutei por cerca de 3 anos Taekwondo (arte marcial coreana, que significa "caminho dos pés e das mãos", se não me engano). Cheguei na faixa azul com ponteira vermelha, mas quando começaram chutes cheios de firula e com quebramentos, me desestimulei. Não sou uma mulher exatamente "leve" e tinha grande dificuldade de sair do chão (pelo menos no sentido literal). Por volta dos meus dezoito anos, fiz um ano de Jiu-Jítsu, que não me manteve interessada por tanto tempo quanto a primeira luta mencionada. Na época que as praticava, vivia com dores musculares e acabei cansando dessas modalidades. Sempre gostei de fazer coisas com finalidade além da estética. Também não curto ambiente de academia. Barulho demais para o meu gosto ("S&S" -sarada e surda - não é comigo). Além disso, trabalho em ambiente confinado - dou preferência a locais abertos por causa disso. Bem, retomando, vou explicar o por quê minha súbita vontade de correr. Na verdade, o estímulo inicial foi...não tive escolha (só podia...). Vou ter que correr, querendo ou não. Então, resolvi me preparar. Comprei a revista "Runners" - edição de novembro. Me chamou a atenção na capa uma matéria com orientações a iniciantes. Comecei há uma semana o programa sugerido e fiquei feliz por estar menos descondicionada do que esperava. E descobri que correr dá um "barato". Achava que era balela, mesmo que o meu lado médico já soubesse na teoria das tais "endorfinas" (algo parecido com a morfina que o nosso corpo produz). Na reportagem, diz que em 8 semanas posso pensar em competir em uma prova de curta distância...quem sabe, né? Hoje foi dia de descanso e confesso que senti falta...Incrível!!! Acabei de lembrar de uma colega geriatra, que tem trinta e poucos anos e é enxutérrima. Ela ficou oito anos sedentária, até que começou a correr por iniciativa do marido, que é maratonista. Atualmente, não vive sem uma corridinha...Impressionante como algumas pessoas que conheço que correm se mantêm jovens. Todas aparentam muitos anos menos do que têm. Bem, para complementar o condicionamento, fui anteontem fazer avaliação física para fazer também musculação. Será que tem alguma comunidade Orkutiana chamada "Eu odeio adipômetro"??? Se não tem, vou criar. Coisinha desgraçada esse instrumento que mede "dobrinhas". Meu abdome sempre foi meu ponto fraco e tê-lo beliscado por aquela maquininha foi traumático...Mas tudo bem! Tudo na vida requer um grau de esforço. E o prazer da recompensa - sempre. Vou contando meus progressos por aqui, certo? Ah! Um feliz Natal a todos. Espero conseguir desejar um próspero 2009 em uma postagem logo a seguir! Até mais!

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

O Balanço da Balzaquiana


Uma súbita vontade de escrever surgiu hoje ao ler o blog recém criado de uma amiga: creioparaver.blogspot.com. Bem, o título, prá começar, me causou extrema empatia. Sou uma otimista por excelência e tendo a acreditar que as coisas tendem a dar certo, até mesmo quando tudo indica o contrário. "Não conseguir o que se quer pode ser um grande lance de sorte". Sempre me lembro desses dizeres do Dalai Lama. Um dia desses, tive uma idéia de postagem que acabou passando batida. Estava refletindo até que ponto meu otimismo é benéfico ou prejudicial. Me refiro especificamente à confiança que tendo a depositar precocemente nos outros. As tais "lentes cor-de-rosa", que tanto já mencionei aqui. Ah, deixa prá lá! Eu estou com TPM e a minha auto-crítica fica lá em cima. Se vem dando certo até aqui, é por que devo ter encontrado meu ponto de equilíbrio (espero). Mudando de assunto (não perco a minha tendência a ter fuga de idéias - Freud explica), então. O ano está terminando - incrível! Essa época é um bom momento para se fazer aqueles tais "balanços" de vida. Excepcionalmente, não estou sentindo essa necessidade de uma forma assim tão importante, como no ano que passou, por exemplo. Foi (está sendo) um ano bastante intenso, então esses "balanços" foram feitos em partes. O saldo está sendo positivo, certamente. Muitas alegrias e algumas decepções (leia-se "expectativas errôneas") bastante marcantes. Destas, prefiro lembrar do quanto me fizeram evoluir. Estão bem digeridas - agradecimentos ao meus amigos, à minha família (incluindo os felinos) e a este blog. Fiz trinta anos e nem escrevi algo especificamente sobre isso. Sim, foi significativo, não vou negar. Lembrei que meu pai me ligou na referida data e me perguntou: "Como estás te sentindo, agora que és uma balzaquiana?" Resposta: "Ótima, pai! Nunca fui tão feliz!". E é verdade. Ainda tenho juventude, mas agora com uma cuca bem mais fresca do que tinha aos vinte anos. Aliás, aprendi que a jovialidade é bem mais relevante que a juventude. Existe "velhice precoce". E pessoas com idade cronológica que se enquadrariam na categoria "idoso" que são extremamente joviais (lembrei da mãe de uma amiga - beijos, Vera!). Cheguei a esta constatação devido à minha profissão, também. A geriatria/medicina me proporciona muito além do que sustento e satisfação pessoal. Aprendo, de quebra, fundamentos sobre a vida. Ah, por falar nisso, tenho um desejo especial para 2009. Quero continuar acreditando no *amor como nunca deixei de crer na forma como exerço e encaro a minha profissão. Com um toque saudável de objetividade, claro. Que assim seja!

* Wikipédia:
A palavra amor (do latim amor) presta-se a múltiplos significados na língua portuguesa. Pode significar afeição, compaixão, misericórdia, ou ainda, inclinação, atração, apetite, paixão, querer bem, satisfação, conquista, desejo, libido, etc. O conceito mais popular de amor envolve, de modo geral, a formação de um vínculo emocional com alguém, ou com algum objeto que seja capaz de receber este comportamento amoroso e alimentar as estimulações sensoriais e psicológicas necessárias para a sua manutenção e motivação.

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

A Mulher Independente - Martha Medeiros


Estava autografando meu livro na Feira quando uma senhora alta, elegante, já bem madura, chegou sorridente pra mim e disse: Te acho uma mulher fenomenal. Eu, toda sorrisos, tomei o livro que ela tinha em mãos e me preparei para escrever uma dedicatória bem carinhosa. Ela então complementou: Mas eu não queria ser casada contigo tu és muito independente!.

Concluí a dedicatória, agradeci a gentil presença dela, enquanto que meu coração começou a bater de forma mais lenta. "O que estou sentindo?", perguntei a mim mesma, em silêncio. Tristeza, respondi a mim mesma, em silêncio, enquanto a próxima pessoa da fila se aproximava.

Em que eu seria mais independente do que qualquer outra mulher? Quase todas as que conheço trabalham, ganham seu próprio sustento, defendem suas opiniões e votam em seus próprios candidatos. Algumas não gostam de ir ao cinema sozinha, já eu não me importo. Poucas moraram sozinhas antes de casar, eu morei. Quase nenhuma, que eu lembre, viajou sozinha, eu já. E nisso consta toda minha independência, o que não me parece suficiente para assustar ninguém.

Fico imaginando que essa tal "mulher independente", aos olhos dos outros, pareça ser uma pessoa que nunca precise de ninguém, que nunca peça apoio, que jamais chore, que não tenha dúvidas, que não valorize um cafuné. Enfim, um bloco de cimento.

Quando eu comecei a ter idade pra sonhar com independência, passei a ler afoitamente os livros de Marina Colasanti – foram eles que me ensinaram a importância de abrir mão de tutelas e a se colocar na vida com uma postura própria, autônoma, mas nem por isso menos amorosa e sensível. Independência nada mais é do que ter poder de escolha. Conceder-se a liberdade de ir e vir, atendendo suas necessidades e vontades próprias, mas sem dispensar a magia de se viver um grande amor. Independência não é sinônimo de solidão. É sinônimo de honestidade: estou onde quero, com quem quero, porque quero.

Sobre a questão da independência afugentar os homens, Marina Colasanti brincava: "Se isso for verdade, então ficarão longe de nós os competitivos, os que sonham com mulheres submissas, os que não são muito seguros de si. Que ótima triagem".

Infelizmente, a ameaça que aquela senhora acredita que as independentes representam não é um pensamento arcaico: no aqui e agora ainda há quem acredite que ser um bibelô (ou fazer-se de) tem lá suas vantagens. Eu não vejo quais. Acredito que a independência feminina é estimulante, alegre, desafiadora, vital, enfim, uma qualidade que promove movimentação e avanço à sociedade como um todo e aos familiares e amigos em particular. "Eu preciso de você" talvez seja uma frase que os homens estejam escutando pouco de nós, e isso talvez lhes esteja fazendo falta. Por outro lado, nunca o "eu amo você" foi pronunciado com tanta verdade.

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Carta A Um * Romântico


(...) Olha, sabes que tu tens toda a razão. Nesse meu período de solteira, tenho vivido muitas situações que têm me feito parar para pensar. Entendo o que disseste a respeito da não vontade de beijar alguém. Acho que talvez a grande parte das pessoas tomem certas atitudes quase no "automático", sem parar para pensar no que querem realmente. Mas sabes que até acho que beijar alguém (ou ir além disso), não é o tipo de intimidade que mais gera receio. O envolvimento afetivo, sim.Tenho conhecido pessoas legais (sou otimista e me recuso a desistir de acreditar na boa intenção alheia). E o que mais me espanta é que tem muita gente verdadeiramente traumatizada por aí, que acabaram por se tornarem frias/ reticentes por puro medo. Deixam de viver tantas coisas boas por covardia. Eu resumiria tudo isso em baixa tolerância a frustração, que, em última instãncia, denota a imaturidade emocional em se lidar, sobretudo, com os próprios sentimentos.
Bah! Acho que estou inspirada hoje! Bem, o que quis dizer com tudo isso, é que não desistas. Meu lema é: 'Se gato escaldado tem medo de água fria...eu visto a minha roupa de neoprene!".
Muitos beijos e espero que, independente de nossos respectivos estados civis, possamos sentar e bater um longo papo, pois valorizo a convivência com pessoas que tenham algo de bom a me acrescentar!

* Sim, eles ainda existem.

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Doze Dicas Para Um Infarto feliz

1. Cuide de seu trabalho antes de tudo. As necessidades pessoais e familiares são secundárias.

2. Trabalhe aos sábados o dia inteiro e, se puder também aos domingos.

3. Se não puder permanecer no escritório à noite, leve trabalho para casa e trabalhe até tarde.

4. Ao invés de dizer não, diga sempre sim a tudo que lhe solicitarem.

5. Procure fazer parte de todas as comissões, comitês, diretorias conselhos e aceite todos os convites para conferências, seminários, encontros, reuniões, simpósios etc.

6. Não se dê ao luxo de um café da manhã ou uma refeição tranqüila. Pelo contrário, não perca tempo e aproveite o horário das refeições para fechar negócios ou fazer reuniões importantes.

7. Não perca tempo fazendo ginástica, nadando, pescando, jogando bola ou tênis. Afinal, tempo é dinheiro.

8. Nunca tire férias, você não precisa disso. Lembre-se que você é de ferro.

9. Centralize todo o trabalho em você, controle e examine tudo para ver se nada está errado. Delegar é pura bobagem; é tudo com você mesmo.

10. Se sentir que está perdendo o ritmo e o fôlego tome logo estimulantes e energéticos. Eles vão te deixar tinindo.

11. Se tiver dificuldades em dormir não perca tempo: tome calmantes e sedativos de todos os tipos. Agem rápido e são baratos.

12. E por último, o mais importante: não se permita ter momentos de oração e meditação diante de Deus*. Isto é para crédulos e tolos. Repita para si: “Eu sou a minha própria religião”.

por Ernesto Artur

* Consciência, para ateus.

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Once



Belo filme. Recomendo.

sábado, 1 de novembro de 2008

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

"You Are So Beautiful"



Faz quatro dias que eu não tenho um sono reparador (por motivos bons e ruins que se compensaram - ainda bem). Estou "na capa da gaita", mas ainda sim, com muita vontade de escrever. Acabei de olhar nesse instante para minhas mãos e pensar "Nossa! Que unhas mais horríveis!" Eu mesma costumo fazê-las, desde os catorze anos. Funciona como uma terapia realizar uma atividade puramente manual. Relaxa, espairece e ainda fico com as mãos (quase) sempre em ordem. É a minha forma útil de não pensar em nada. Puxa, pensei que ia engatar um papo "mulherzinha", mas não vai ser dessa vez. Acabei de concluir as minhas tarefas da semana do curso de cuidados paliativos, com uma energia não sei tirada de onde. Como disse, estou mais do que cansada. Anteontem, fui a um barzinho na Cidade Baixa com uma grande amiga (aquela que sempre me inspira bons temas a serem abordados aqui) e ontem fui a um aniversário na Zona Sul de uma outra grande amiga. Encho uma mão inteirinha de amigos de fé - sou uma pessoa de sorte. E que (quase sempre) faz boas escolhas. Trabalhei hoje à tarde e quando estava chegando em casa, começou a tocar uma música na rádio (que estou ouvindo agora), pela qual sou apaixonada: "Angels", na versão do Robbie Williams. Entendo bem inglês e ela caiu como uma luva para o meu momento de vida. Pensei em alguns "anjos" que convivo e que aprendo a dar mais e mais valor a cada dia. Bem, mudando de assunto, anteontem surgiu uma idéia de postagem enquanto papeava com um desses "anjos". Falávamos sobre a importância da beleza (externa). Uma boa trilha sonora, então: "You Are So Beautiful", do Joe Cocker (essa derruba até a lagartixa da parede). O tema surgiu quando comentávamos que as pessoas muito bonitas também sofrem preconceitos. Ouvi um dia desses: "Mas toda pessoa muito bonita é burra, afinal, não precisa se esforçar para conseguir o que quer!". Affff! Só poderia ter sido proferida por um ser esteticamente desfavorecido (termo politicamente correto para "feio"). Que absurdo! Pior é que li em janeiro uma matéria da Superinteressante que endossava essa idéia. Que generalização mais estúpida (e qual não é?). Claro que atributos estéticos abrem muitas portas (dizem que existem estudos comprovando essa teoria - não li e nem me interessam). Tem uma frase (do Chaplin, se não me engano), que diz "A beleza é um cartão de visitas que dura muito pouco". Concordo. Dissociada de inteligência, bom-humor e simpatia, não prende meu interesse por mais do que por alguns minutos (me refiro ao "téte a téte" (alguém sabe a origem desse termo?). O contrário também é verdadeiro, mesmo que o conceito do que é estético seja subjetivo e dependente de diversas variáveis (cultura, quantidade de "reboco" - válido para mulheres, travestis, "drags","emos"...Ah! E o nível etílico e de carência, é claro!). Uma das coisas mais engraçadas que já escutei nesse sentido foi "Adoro homem feio!". Acho que ela quis dizer "traços faciais fortes". Cada um com seus parâmetros, né? Lembrei de um dia que fui perguntar a um conhecido a respeito de um rapaz que me passou a primeira impressão de ser "peculiar" ("alternativo" é clichê demais e sem sentido). Ele tinha uma argolinha de prata na orelha (esquerda, veja bem) e usava com alguma freqüência "All Star" e camisetas de cores marcantes (vibrantes dá uma conotação homossexual), inclusive rosa. Claro que o "machão" me disse que achava que esse rapaz "ORIGINAL" era gay! Que preconceito! Eu acho LINDO homens (heteros - questão de preferência, não de preconceito) que usam rosa, por que tem que ter muita personalidade e uma bela estampa para se ficar bem com essa cor. Bah, confesso que achei a verdadeira inspiração desta postagem. Certas pessoas têm uma beleza que desconcerta. Acompanhada de um sorriso aberto, então...é covardia. Afinal, olhar não tira pedaço (ainda bem). Mata a tia, mata (risos).

domingo, 26 de outubro de 2008

"NEM TODOS QUE SÃO, AQUI ESTÃO; NEM TODOS QUE AQUI ESTÃO, SÃO"



Fazia tempo que não chegava em casa com vontade de escrever. Trabalhei ontem e hoje durante o dia. Dois plantões relativamente tranqüilos, considerando a média dos finais de semana. Cheguei ontem morta em casa. Só tive disposição de dar uma passadinha na locadora de DVDs. Comprei 3 coisas que me deram alguns bons instantes de felicidade: "O Feitiço de Áquila", clássico dos anos 80 com Michelle Pfeiffer e Matthew Broderick (este então quase uma criança), um pacotinho de M&Ms (com efeito terapêutico para a minha TPM -já disse isso aqui) e um saquinho de pistaches. Aliás, tenho uma teoria que pistaches são "diet", pois gastamos muitas calorias tentando abrí-los. Terminei o plantão hoje novamente "na capa da gaita". Mesmo super cansada, resolvi me divertir um pouco. Saí do hospital e fui direto à casa de uma grande amiga. Estavam lá mais duas meninas (olha o viés), uma das quais já é parte do nosso seleto grupo. Divertidíssimas e inteligentíssimas, sempre rola um papo legal. De amenidades a pensamentos profundos sobre a condição humana (que bonito isso). Conversamos, dentre diversas coisas, sobre a nossa dificuldade de lidar com assuntos mal resolvidos. Lembrei de um episódio em que uma amiga em comum sofreu uma decepção (lá vem...) e escrevia cartas para desabafar (leia-se: elaborar o processo). A intenção inicial era apenas organizar o próprio pensamento, porém, ela acabou por enviá-las ao destinatátio (destinotário?). Na verdade, acabou cometendo sem querer um ato de caridade, por que aliviou a culpa de quem a magoou. E que merda deve ser se sentir assim. Juro que pensei que essa guria deve ser a reencarnação da Madre Teresa de Calcutá, quando aceitou, recentemente, conversar com uma "amiga" que tinha sido uma legítima f.d.p. (estou com TPM - dêem um desconto ao meu vocabulário tosco hoje). Expliquei às presentes que meu empenho em deixar tudo sempre bem resolvido é uma questão de saúde. Engolir sapo me causa enxaqueca (99% das vezes). É sério! Por isso tenho uma necessidade tão grande de expressar meus pensamentos. Já brinquei aqui que tenho uma versão leve da Sìndrome de "Gillles de La Tourette" (se não sabes o que é, procura no Google). Realmente não acho que tudo deve ou pode ser dito, afinal vivemos em sociedade e blá, blá, blá...(assunto abordado anteriormente neste blog). Ouvi, há poucos dias, de uma pessoa mais vivida do que eu: "Ih! Nem começaste a viver ainda!". Posso até não ter a oportunidade de me expressar, mas tenho certeza absoluta que alguns compotamentos bizarros vão continuar me impactando até os 90 anos. Affff! Isso significa que tenho no mínimo mais sessenta anos para aprender a lidar com isso. Bem, existem dois motivos para se fazer terapia: para lidar com as próprias dificuldades ou para se criar mecanismos (saudáveis) de sobrevivência a este mundo insano. Pensando melhor, a lucidez é a pior loucura de todas, por que não tem cura! Para ilustrar esse paradoxo, posto esse vídeo do You Tube indicado por um querido colega Pediatra (valeu!).

* Dizeres em uma fachada de uma instituição psiquiátrica.

sábado, 25 de outubro de 2008

Metallica



Metallica, sempre Metallica - por que nem só de baladinhas é feita a vida...

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Roy Orbison



Roy, sempre Roy...

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

* Esculhambação e Retrocesso



Estou aqui em frente ao computador há alguns minutos, pensando se devo ou não escrever agora. Estou há dias assim, na verdade. Têm alguns momentos na minha vida em que fico realmente receosa de escrever. Meu coraçãozinho está disparado nesse momento (por volta de 100b.p.m.). Já recebi algumas críticas em relação a me expor aqui, o que me inibe até um certo ponto. Pois então, vou parar de enrolar. Aconteceram alguns fatos recentemente com uma grande amiga que me fizeram parar para pensar. E pelo menos para isso ainda não cobram impostos. O que aconteceu a ela, especificamente, não vem ao caso. Genericamente, uma das melhores pessoas que conheço foi vítima, mais uma vez, da falta de escrúpulos alheia. "Amigos" e "amores" muito econômicos, digamos assim - economiza-se inimigos, pois acabam cumprindo dupla função. O que mais me chocou foi a reação de alguém que disse a ela: "Fulaninha, o teu problema é que confias demais nas pessoas!". Distorção semelhante seria chegar numa delegacia para prestar queixa e ouvir "Quem mandou portar coisas passíveis de serem roubadas???". Veja bem, nenhum ser humano de bom-senso vai andar com um Rolex à vista, mas assim já é demais para a minha cabeça. Que tamanha distorção de conceitos! Devemos adotar uma postura paranóide em relação a tudo e todos (sobretudo)? Queria responder a essa pergunta com um "não" bem convicto, porém, não consigo fazê-lo. Tive a sorte de crescer em um ambiente onde a honestidade sempre foi passada a mim por meio de exemplos. Também tenho amigos à minha volta com os mesmos valores que eu. Aliás, já prometi a mim mesma que vou ser mais cuidadosa ao chamar alguém de "amigo". Mais cautelosa ainda ao expressar admiração por outro ser humano (pode ser só um "bípede"...). Soube que fui rotulada, recentemente, de "moralista". Aceitei como um elogio, claro. Preceitos como não cobiçar o cônjuge do próximo e não apropriar-se indevidamente do alheio fazem parte dos dez mandamentos, não? Até eu, que sou atéia, sei disso. Algumas coisas que acontecem àqueles que amamos nos afetam em graus variados. Talvez por estar em um momento mais sensível e reflexivo, fiquei mais chocada ainda com o que vi. Um dia desses, ouvi uma frase de uma música do Legião: "Todo mundo sabe/ninguém quer mais saber/Afinal amar ao próximo/está tão demodé". Reconheço (e desfruto) de todas as vantagens desse mundo dito "moderno", mas creio que conceitos como caráter, respeito, honestidade e transparência (e tantos outros), jamais deveriam sair de moda. Não quero me tornar alguém desacreditada na bondade humana...Admito que isso está se tornando um grande desafio. Tentando me manter como um galho verde que se enverga e retorna à sua forma original. Lembrando que o sol e o vento em excesso podem secá-lo e...

* Parafraseando os dizeres de nossa bandeira nacional.

domingo, 19 de outubro de 2008

Cara Valente



A inspiração tá voltando...
Me aguardem!

Beijos!

Beth.

terça-feira, 7 de outubro de 2008

A Importância do Tamanho (das Pessoas)


"O tamanho varia conforme o grau de envolvimento. Ela é enorme para você, quando
fala do que leu e viveu, quando trata você com carinho e respeito, quando olha
nos olhos e sorri destravado. É pequena para você quando só pensa em si mesma,
quando se comporta de uma maneira pouco gentil, quando fracassa justamente no
momento em que teria que demonstrar o que há de mais importante entre duas
pessoas: A amizade, o respeito, o carinho, o zelo e até mesmo o amor. Uma
pessoa é gigante para você quando se interessa pela sua vida,quando busca
alternativas para o seu crescimento, quando sonha junto com você. É pequena
quando desvia do assunto. Uma pessoa é grande quando perdoa, quando compreende,
quando se coloca no lugar do outro, quando age não de acordo com o que esperam
dela, mas de acordo com o que espera de si mesma. Uma pessoa é pequena quando
se deixa reger por comportamentos clichês. Uma mesma pessoa pode aparentar
grandeza ou miudeza dentro de um relacionamento, pode crescer ou decrescer num
espaço de poucas semanas. Uma decepção pode diminuir o tamanho de um amor que
parecia ser grande. Uma ausência pode aumentar o tamanho de um amor que parecia
ser ínfimo. É difícil conviver com esta elasticidade: as pessoas se agigantam e
se encolhem aos nossos olhos. Nosso julgamento é feito não através de
centímetros e metros, mas de ações e reações, de expectativas e frustrações.
Uma pessoa é única ao estender a mão, e ao recolhê-la inesperadamente, se torna
mais uma. O egoísmo unifica os insignificantes. Não é a altura, nem o peso, nem
os músculos que tornam uma pessoa grande..... É a sua sensibilidade sem
tamanho..."

Shakespeare (será?).

Muchas gracias, Nanica!

domingo, 28 de setembro de 2008

Y Dale Alegría A Mi Corazón



Nossa! Levei um susto quando percebi há quanto tempo não escrevia no blog! Minha cabeça anda meio cheia ultimamemte - de coisas boas (ainda bem!). Trabalhei bastante ontem e hoje. Acabei de chegar em casa após um papo animado com três moças muito divertidas - amizades relativamente recentes nas quais pretendo investir. Voltando ao assunto que ainda não consegui abordar decentemente: o show do Fito Paez. Fui de área VIP e fiquei tão perto que dava para ver a baba dele voando no cabelo da segurança que estava em pé em frente ao palco (detalhe mórbido). Não conhecia nem 20% das músicas que ele cantou, mas amei o show do início ao fim. Ele é ainda mais maravilhoso ao vivo. Canta e toca um piano como poucos (com "sentimento", como diria a minha mãe). Encontrei duas amigas antes que ficaram na pista. Assisti a tudo sozinha, o que acabou sendo muito bom. Curti cada detalhe e enchi os olhos d'água ao ouvir uma canção no final (descobri depois que chama-se "Te Vi - Un Vestido y Un Amor"). Aliás, desde aquele dia, estou ouvindo Fito direto. Quem quiser ter uma amostra do trabalho dele, recomendo: "11 y 6", "Te Vi", "Dar Es Dar", "Al Lado Del Camino" (essas mais românticas) e as clássicas "A Rodar Mi Vida" e "Mariposa Technicolor" - esta mais conhecida pela sua versão mais lentinha. Espero na próxima apresentação estar com as letras na ponta da língua. Adoro espanhol e traduzir letras de música é uma forma agradável de aprender mais. "Y Dale Alegría A Mi Corazón"...
Buenas noches!

Obs: essa música é prá ti, Nanica!

sábado, 20 de setembro de 2008

11 y 6



Passo rapidinho só para dizer que meu blog não está abandonado! Estou bastante cansada, pois trabalhei que nem um camelo nos últimos dias. Ah! A propósito, estou feliz! Minha próxima postagem será sobre o show do Fito que fui no último dia 13. Lamento quem perdeu - vou deixar o clipe de "11 y 6" só para dar um "gostinho"...
Beijos e até mais!

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Ritalina?



Tô de volta, pessoal! Desculpem a indisposição para escrever - era 80% física e 20% de introspecção. Sobrevivi à tal da virose e estou quase a pleno vapor. Finalmente aquele curso "online" que me inscrevi há meses começou. Outra notícia boa que tive ontem é que vou ter em breve o canal "Animal Planet" na NET, sem custo adicional. Muitas coisas legais acontecendo às vezes me atrapalham o raciocínio organizado de que preciso para escrever. Perceberam a fuga de idéias deste texto? Por essa razão, ele será curto. E ponto final.
Obs: será que preciso de metilfenidato(princípio ativo da "Ritalina")???

Na foto, Ritinha - cobaia felina perfeita para Ritalina!

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

El Fuego Y El Combustible



Jorge Drexler - maravilhoso!
Postei por causa da música - o Tom Hanks vai de brinde!

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Martha Medeiros

Já estou bem melhor, mas ainda sem muita disposição para "usar" meu cérebro para escrever. Então, publico um texto da Martha Medeiros que recebi hoje por e-mail de uma grande amiga. A Martha é uma mulher inteligentíssima e vivida - deve ter saber o que está dizendo! Boa leitura!


Use-se!!

No que se refere a adultos, todo mundo sabe mais ou menos onde está se metendo, ninguém é totalmente inocente.
Se nos usam, algum consentimento a gente deu, mesmo sem ter assinado procuração.
E se estamos assim tão desfrutáveis para o uso alheio, seguramente é porque estamos nos usando pouco.
Se for este o caso, seguem sugestões para usar a si mesmo: comer, beber, dormir e transar, nossas quatro necessidades básicas, sempre com segurança, mas também sem esquecer que estamos aqui para nos divertir.
Usar-se nada mais é do que reconhecer a si próprio como uma fonte de prazer. Dançar sem medo de pagar mico, dizer o que pensa mesmo que isso contrarie as verdades estabelecidas, rir sem inibição.
Dane-se se aparecer a gengiva. Mas cuide da sua gengiva, cuide dos dentes, não se negligencie.
Use seu médico, seu dentista, sua saúde.
Use-se para progredir na vida. Alguma coisa você já deve ter aprendido até aqui. Encoste-se na sua própria experiência e intuição, honre sua história de vida, seu currículo, e se ele não for tão atraente, incremente-o.
Use sua voz: marque entrevistas.
Use sua simpatia: convença os outros.
Use seus neurônios: para todo o resto.
E este coração acomodado aí no peito? Use-o, oras bolas. Não fique protegendo-se de frustrações só porque seu grande amor da adolescência não deu certo. Ou porque seu casamento até-que-a-morte-os-separe durou 'apenas' 13 anos. Não enviuve de si mesmo, ninguém morreu.
Use-se para fazer amigos, use-se para evoluir. Use seus olhos para ler, chorar, reter cenas vistas e vividas.
A memória e a emoção vêm muito do olho. Use os ouvidos para escutar boa música, estímulos e o silêncio mais completo.
Use as pernas para pedalar, escalar, levantar da cama, ir aonde quiser.
Sua boca pra sorrir...
Sua barriga para gerar filhos...
Seus seios para amamentar...
Seus braços para trabalhar... Sua alma para preencher-se...
seu cérebro para não morrer em vida.
Use-se.

Se você não fizer, algum engraçadinho o fará.

Martha Medeiros