segunda-feira, 30 de junho de 2008

Amanhã

Amanhã prometo que escrevo. Hoje faltou tempo mesmo, não inspiração.

Beijos!

Beth.

quinta-feira, 26 de junho de 2008

Liderança e Subordinação

Hoje lendo um artigo muito interessante em um outro blog senti uma certa culpa. Explicando melhor: me refiro à culpa de não ter um blog mais engajado. Aproveitar melhor o espaço para colocar a boca no trombone com maior frequência. A proposta do meu blog é de ser leve mesmo - de forma geral, pelo menos. Pensando bem, até que eu coloco o dedo na ferida sim. Apenas os assuntos abordados são mais restritos ao espectro das relações humanas ("só" isso???). Afff... Tô parecendo o Gilberto Gil. No fim, tudo se resume a relações humanas, ora pois (não nego minha ascendência portuguesa). O que quis dizer é que o meu enfoque é mais intimista.
Mudando de assunto (mas nem tanto), estou lendo "O Monge e o Executivo". Muito interessante o (aparente) paradoxo "liderar é servir". Os preceitos contidos no livro são bastante familiares - tenho dois chefes atualmente com esse perfil. Sabem ouvir, preocupam-se com o bem-estar de seus funcionários e têm boa receptividade a críticas (sugestões) construtivas. Infelizmente, aquele modelo antigo de "chefe" ainda perambula por aí. Em hospitais, é bastante comum chefias exercidas por profissionais da saúde sem preparo (e perfil) adequados ao cargo. Na verdade, todos deveriam ter a preocupação em obter conhecimento em gestão, por que de alguma forma sempre estaremos inseridos dentro de uma hierarquia. Estava lendo outro dia dois suplementos da revista "Você s/a." sobre liderança e etiqueta no ambiente de trabalho. Fiquei impressionada com a recomendação de cumprimentar todos os funcionários, independente da função. O título: "Trate bem do boy ao presidente." Isso transcende o comportamento esperado de um "líder". Denota educação, respeito e humanidade. E também é uma atitude inteligente. Certa vez, esqueci o vidro do meu carro aberto e o rapaz do estacionamento só conseguiu me avisar antes de cair uma chuvarada por que eu sempre o cumprimentava. Tudo bem, nem todos têm um perfil comunicativo. Mas isso realmente não pode servir como desculpa para a má educação. Me recordei agora de uma matéria que assisti no Fantástico. Era sobre como as pessoas se tornavam "invisíveis" ao usarem um uniforme. A ponto de vestirem uma personalidade conhecida (não lembro quem) de gari e ninguém reconhecê-la. Lamentavelmente, as próprias "vítimas" acostumam-se tanto à segregação que parecem nem reconhecer quando são devidamente cumprimentadas.
Retomando o tema dos assuntos do meu blog, pensei melhor e concluí que não devo ter culpa. Existem muitas maneiras de ser pró-ativo (a) (tem hifen ou é tudo junto?). Uma delas, é dando bons exemplos. Ou se esforçar para isso, pelo menos (considerando nossa condição humana e passível de falhas, portanto). Nada de andar agachado - já conversamos a respeito, certo?

Obs: a cena é do filme "Little Nicky, Um Diabo Diferente" - Hitler sendo castigado no inferno. Pode ser um método eficaz de educar maus chefes (risos)...

quarta-feira, 25 de junho de 2008

All Star



Hoje atendi um menino de 18 anos, portador de necessidades especiais (me refiro ao aspecto mental). Ele entrou no consultório e era todo sorrisos para mim. A mãe dele logo explicou: "É por causa do seu All Star, doutora! Ele adora esse tênis e estava olhando para os seus pés desde a sala de espera!". Resposta: "Somos dois fãs de AlL Star, então! O meu era vermelho e o dele era preto.
Lembrei daquela música do Nando Reis que eu adoro: "Estranho é gostar tanto do seu All Star azul...".

terça-feira, 24 de junho de 2008

Cisne???

Para meus queridos "cisnes" (desculpa te copiar, amiga):

Enquanto Ela Não Chegar

Quantas coisas eu ainda vou provar?
E quantas vezes para porta eu vou olhar?
Quantos carros nessas ruas vão passar?
Enquanto ela não chegar

Quantos dias eu ainda vou esperar?
E quantas estrelas eu vou tentar contar?
E quantas luzes na cidade vão se apagar?
Enquanto ela não chegar

Eu tenho andado tão sozinho,
que eu nem sei no que acreditar
E a paz que busco agora
nem a dor vai me negar.

Não deixe o Sol morrer
Errar é aprender
Viver é deixar viver.

Quantas besteiras eu ainda vou pensar
E quantos sonhos no tempo vão se esfarelar
Quantas vezes eu vou me criticar
Enquanto ela não chegar

Eu tenho andado tão sozinho,
que eu nem sei no que acreditar
E a paz que busco agora
nem a dor vai me negar.

Não deixe o Sol morrer
Errar é aprender
Viver é deixar viver.

Obs: é um antigo sucesso do Barão Vermelho.

segunda-feira, 23 de junho de 2008

Temporada de Pessimismo Momentâneo

Uma vez um amigo me falou: "Não acredito em TPM. Isso é uma invenção feminina". Só poderia ter sido um homem mesmo. Acabei de achar uma nova descrição para a sigla: Temporada de Pessimismo Momentâneo ("temporada momentânea" soou redundante). Fico bem mais introspectiva nesses dias - e não é "psicológico". Faço severas críticas às mulheres que usam esse momento como pretexto para torturar os que estão ao redor. Ok, 0k, ok. Pondero que existem formas mais exacerbadas, que necessitam de tratamento médico - então que busquem e não se aproveitem da situação (o famoso "ganho secundário"). Uma prova incontestável da origem orgânica da TPM é a mastalgia (nome técnico para dor nas mamas). Vou tentar explicar aos homens mais ou menos como é. Imaginem uma dor testicular em agulhada, que ocorre repetidas vezes ao longo do dia e sem necessidade de um estímulo tátil para ser desencadeada. Doeu só de pensar, né???
Ai que vontade de ficar entocadinha hoje - mas não vai dar. Tenho que trabalhar (ainda bem). "Cabeça vazia é oficina do diabo". Pelo menos trabalhando eu não tenho tempo de ouvir Gardel (risos). Hoje sinto a minha vida como um misto de tango argentino e comédia italiana. Ou tango uruguaio? Descobri ontem que "La Cumparsita" foi composta por um uruguaio (!). Me caíram los butiás del bolsillos (portunhol).
Um adendo à postagem: estou terminando de escrevê-la às 20h, pois descobri que NÃO ESTOU DE PLANTÃO HOJE!!! Bah, que coisa boa... Passei na Blockbuster e loquei "Meu Nome Não é Johnny", um DVD de curtas da Pixel e uma outra comédia romântica que não lembro o nome (escreverei uma postagem comentando em breve). E confesso: comprei um pacotinho de M&M's - não é comida, não. É um lenitivo para a minha TPM. Engraçado que eu digo para as pessoas que estou de mau-humor e elas não acreditam. Quem sabe eu deveria sorrir menos, então? Acho brabo - só conseguiria abaixo de muito botox! Isso me fez lembrar do Zé, meu professor de história do Curso Unificado: "Pára de mostrar os dentes, guria! Tá achando que eu tenho cara de dentista???".

Françoise Hardy - L'amitié (1965)

Aos meus amigos, longe ou perto - por que a "proximidade" supera a "distância"...

A Amizade

Muitos de meus amigos vieram das nuvens,
Com o sol e a chuva como bagagem.
Fizeram a estação da amizade sincera,
A mais bela das quatro estações da terra.

Têm a doçura das mais belas paisagens,
E a fidelidade dos pássaros migradores.
E em seu coração está gravada uma ternura infinita,
Mas, às vezes, uma tristeza aparece em seus olhos.

Então, vêm se aquecer comigo,
e você também virá.

Poderá retornar às nuvens,
E sorrir de novo a outros rostos,
Distribuir à sua volta um pouco da sua ternura,
Quando alguém quiser esconder sua tristeza.

Como não sabemos o que a vida nos dá,
Talvez eu não seja mais ninguém.
Se me resta um amigo que realmente me compreenda,
Me esquecerei das lágrimas e penas.

Então, talvez eu vá até você aquecer
Meu coração com sua chama.


sábado, 21 de junho de 2008

Alcunhas



Após anos e anos de apelidos traumatizantes como "Beth Baleia" (acompanhado do "jingle": Beth baleeeiaaa, engoliu a praia inteeeira) - este dado pelos meus coleguinhas (monstrinhos?) de jardim de infância. Outra alcunha jocosa, criada pelo meu estimado irmão, foi "Tonhão"(já mencionado aqui). Nada pode ser tão ruim que não possa ser piorado, inclusive a auto-estima de uma aborrescente (sem mágoas - é só uma constatação).
Finalmente, um apelido do qual me orgulho. É a terceira pessoa (gênero masculino)que me diz que guardo alguma semelhança com a atriz Catherine-Zeta-Jones (além das escleróticas - vulgo "branco do olho"). Eu sei que sou mais cheinha (eufemismo para gordinha) e meu nariz é mais batatudinho do que o dela (só que o meu é peça original de fábrica - o dela é fruto de uma rinoplastia), mas fiquei feliz com a associação.
Confesso que resisti bravamente à minha piada interna: "Só se for a Catherine depois da explosão nuclear" (ou quem sabe, atropelada por uma jamanta?). Simplesmente disse: "Obrigada! Se antes eu me achava, agora tenho certeza!". Muito boa essa, né?

quinta-feira, 19 de junho de 2008

Homo sapiens


Acho que descobri o que estava me faltando para escrever. Dois "Cs" - já explico! Fiquei dois dias sem meu capuccino preferido (Iguaçu tradicional). Parece que fica faltando uma coisa no meu dia (no meu sangue?) se acordo e não tomo o meu café - agora sem o dueto com aquele outro "C". O segundo "C" é o calor. O quarto onde fica meu computador é muito frio, aliás, gélido, como o restante do meu apê. Tinha buscado o meu querido aquecedor recém consertado na casa dos meus pais, quando meu Pálio me deixou na mão pela milionésima vez. E lá se foi o meu carrinho com o aquecedor no porta-malas para o conserto. Aliás, falando nisso, gostaria de saber se outras pessoas têm tido problemas com a bateria dos Fiat Palio. Minha impressão é que sim. Tenho ouvido muitos relatos de consumidores indignados com carros recém comprados com transtornos frequentes relacionados a esse item. Já ouvi as mais diversas explicações, com suas respectivas soluções (tentativas) da origem do problema, que constantemente recorre. Tenho um pai que entende bastante do assunto e chegou a escrever uma carta à conceituada revista Quatro Rodas, do qual é assinante "desde o tempo do guaraná com rolha" (aguardo um comentário teu me dando retorno a respeito, pai!). Bem, mudando de assunto, ontem tinha começado a escrever um texto (segunda tentativa nos últimos dias) e não consegui terminar. Cheguei a conclusão que não posso deixar textos pela metade, pois perco o fio da meada. Engraçado que quando escrevo é bastante fluido. Quanto mais eu me esforço, pior eu me expresso. Talvez isso seja um reflexo da minha personalidade espontânea. Sem dar nome aos bois, eu preciso contar que um conceituado jornalista elogiou bastante meus textos. Fiquei tão, mas tão lisonjeada, que fiquei até com medo de escrever novamente...Brincadeira! A idéia deste blog é realmente despretensiosa. Eu escrevo mais por minha causa do que qualquer outra coisa. Não é egoísmo, não. Não é de hoje que escrevo para dar vazão aos meus pensamentos (ansiedade?). Um dia desses, como já mencionei, resgatei algumas antigas agendas. Elas rolavam de mão em mão entre as minhas amigas, que as levavam para ler em casa e para escrever algo nelas também. Na época, uma delas, que agora é jornalista, queria publicar um livro baseado nos meus textos (não me refiro a ti, Patty). Se continuarem dizendo isso, vou começar a achar que é sério (risos). Trocando de assunto novamente, aconteceram muitos fatos bacanas em minha vida nos últimos dias. Profissionalmente falando, estou começando (e tenho consciência de que é apenas o começo) a colher os frutos da minha dedicação profissional. Nada na vida pode ser bem feito sem prazer. Não confundir com hedonismo puro e simples, pois em tudo há uma boa dose de sacrifício. Nosso grau de felicidade é relacionado ao nível de compensação pelos nossos esforços. Pode ser a gratificação proporcionada pelo trabalho ou a satisfação que traz uma companhia que nos acrescente algo de positivo. Entram nesse pacote nossa família <=> amigos <=> amores (conceitos sobreponíveis, sem dúvida). Ah! Encontrei um gancho para outro assunto que queria abordar nesta postagem (o que não consegui ontem). Talvez até já tenha discorrido algo sobre isso - sinal que "há pano para manga", né? Quem sabe agora eu consiga transmitir mais otimismo que das outras vezes. Não que eu seja pessimista, mas andei me decepcionando com uma partezinha da humanidade e acabei transparecendo um certo negativismo. Na realidade, estava mais chateada comigo mesma - já passou. A auto-tolerância bem dosada é saudável, enfim. Há poucos dias conheci um "Homo sapiens" (e "xy") que teceu um comentário muito interessante (só poderia mesmo). Disse que as pessoas pensam tanto em um possível "futuro" (como se ele fosse completamente previsível...) ao relacionarem-se que acabam por "puxar o freio-de-mão" precocemente. Foi a primeira vez que ouvi essa expressão da boca de um homem - fiquei surpresa (positivamente). E o moço tem razão. O maior prejuízo causado é a perda da naturalidade. Ou pior: da gentileza. Até compreendo que exista uma dificuldade, muitas vezes por parte das mulheres, de controlar a ansiedade e não colocar um peso desnecessário às coisas/atitudes. Oferecer uma flor, por exemplo. Poderia deixar de ser dada pelo receio de que a outra pessoa viesse a interpretar o gesto como um sinal de que "algo potencialmente sério" estaria em andamento. Até poderia, quem sabe, ser gerada uma resposta de desagrado por alguém com pouca (nenhuma?) sensibilidade. Por que existe uma dificuldade tão grande em simplesmente ver a situação como "Me agrada muito a tua companhia neste momento, é esta é a forma que encontrei de demonstrar". Percebi, para o meu próprio espanto, o quanto estava me habituando à falta de gentileza. Me considero uma mulher moderna, porém, têm alguns conceitos "antigos" (?) que ainda permanecem atuais. Acho realmente que é uma cordialidade por parte do homem pagar a conta no primeiro encontro (e respeito da mulher não abusar). Não é pelo valor em si e sim pela gentileza que o ato representa. Conversando com amigas, descobri que essa é uma opinião de fato unânime (já desconfiava). Todas teriam, ao tirar reles cinco "pila" do bolso (quanto menor a despesa, maior o impacto negativo), uma sensação equivalente àquele termo popular para a disfunção erétil masculina...Enfatizo que sou plenamente a favor da divisão das despesas, passada essa etapa inicial (as não interesseiras e não pobres não se importam - ou não deveriam, pelo menos). Recentemente, recebi um e-mail de um amigo com o título "Campanha Pela Gentileza". Quando todos forem capazes de perceber que a ausência dela fecha muitas portas (e corações - que brega isso), vão certamente rever suas posturas. Essa sou eu - OTIMISTA - como sempre.

sábado, 14 de junho de 2008

Dia dos Namorados


Com dois dias de atraso, uma poesia em homenagem aos apaixonados:


AMAR

Que pode uma criatura senão,
entre criaturas, amar?
amar e esquecer, amar e malamar,
amar, desamar, amar?
sempre, e até de olhos vidrados, amar?

Que pode, pergunto, o ser amoroso,
sozinho, em rotação universal,
senão rodar também, e amar?
amar o que o mar traz à praia,
o que ele sepulta, e o que, na brisa marinha,
é sal, ou precisão de amor, ou simples ânsia?

Amar solenemente as palmas do deserto,
o que é entrega ou adoração expectante,
e amar o inóspito, o cru,
um vaso sem flor, um chão de ferro,
e o peito inerte, e a rua vista em sonho, e
uma ave de rapina.

Este o nosso destino: amor sem conta,
distribuido pelas coisas pérfidas ou nulas,
doação ilimitada a uma completa ingratidão,
e na concha vazia do amor a procura medrosa,
paciente, de mais e mais amor.

Amar a nossa falta mesma de amor,
e na secura nossa amar a água implícita,
e o beijo tácito, e a sede infinita.

Carlos Drummond de Andrade

domingo, 8 de junho de 2008

Juramento do Paliativista - Lindo

Fantásticas


"Queridos, estou partindo em férias e lua de mel com aquele carinha maravilhoso que me agüenta há quase 50 aninhos" (Trecho de um e-mail que acabei de ler). Minha idéia inicial era chegar em casa e me atirar no sofá. Mas depois de lê-lo, me animei a escrever. Essa citação foi só para introduzir uma conversa sobre o assunto que mais ouvi nos últimos dias, devido ao Congresso Brasileiro de Geriatria (acabou ontem). Estavam maravilhosas as palestras sobre cuidados paliativos. Esses congressos sempre acabam sendo também um grande evento social. Pude rever muitas pessoas queridas. Amigos, ex-colegas de residência e algumas amizades feitas ao longo de diversos eventos anteriores. Aliás, tenho um sério problema com nomes. Dessa vez, ainda escreveram os nomes bem pequenininhos no crachá, só para piorar - nada que um sorriso simpático não pudesse resolver. O legal de frequentar esses cursos sobre cuidados ao final da vida, é conhecer as pessoas que os assistem. Costumam ser multidisciplinares: têm fisioterapeutas, nutricionistas, psicólogos... No que fui em São Paulo em março, tinha até um ator que já tinha trabalhado como voluntário na Cruz Vermelha. E os colegas médicos presentes costumam ter um perfil bem diferente. Parece que eu vou puxar a brasa para o meu assado ao explicar melhor, porém, não é esse o intuito. Fiquei especialmente fascinada ao conhecer a psicóloga Ligia Py. Já havia lido alguns capítulos de livros escritos por ela. Fiquei surpresa agora há pouco ao colocar seu nome no "Google" e encontrar 36200 citações. Me impressionei pela sua humildade e simplicidade. A palestra dela, no último dia, às 8h, estava cheia. Ao fim da explanação, entendi por quê. Foi muito emocionante. Sempre gosto de enxergar o rosto de quem fala, mesmo nesse tipo de situação pública. E além de inteligentíssima e articulada, ela é muito expressiva. Consegue de fato tocar o espectador. Não pude me conter (como outros presentes) e peguei o microfone para dizer isso a ela. Todos que fizeram o mesmo (também) embargaram a voz ao comentar o impacto de suas palavras. Gostei bastante também de conhecer dois colegas médicos cariocas. Um deles me deu um abraço "de urso" (não confundir com "amigo urso") ao se despedir e falou que havia gostado muito, mas muito mesmo de me conhecer. Ele foi meu parceiro de palco na peça que encenamos no primeiro dia do curso pré-congresso sobre cuidados paliativos. Eu interpretei a filha do "paciente" e ele era o próprio, sofrendo em meio às discordâncias entre "familiares" e o "médico" sobre o que fazer com o "paciente".Aliás, até me desculpei com a diretora (gerontóloga, com formação em teatro), por que eu não consegui ficar séria durante a encenação. O celular do "médico" (na vida real, inclusive) tocou no meio da peça e falei: "Meu pai aqui morrendo e o senhor falando no celular!!!". Um assunto pesado assim requer uma certa leveza ao ser abordado, né? O outro colega também era muito querido e me deu diversas dicas importantes. "Goxxtei muito de te conhecer!" - ouvi novamente. A recíproca foi verdadeira em ambos os casos. Faz muito bem conhecer gente que nos faz bem e nos acrescenta.
Um capítulo a parte foi assistir a Fernanda Montenegro e a Lya Luft tecendo reflexões sobre o processo de envelhecer ("A Arte e a Vida Depois dos 60 Anos"). Foi divertidíssimo. Da Fernanda, eu já era fã. Da Lya, havia lido um livro (não me lembro o título ao certo) do qual havia gostado. Porém, ao conhecê-la pessoalmente, fiquei encantada e com vontade de conhecer melhor o seu trabalho. Tive uma enorme identificação com as duas. Foi engraçado, por que concordei tanto com o que elas disseram que tive a nítida sensação de que tenho bem mais anos de vida do que os meus reles 29 anos. Talvez seja por conviver muito com idosos. Ou quem sabe, pela grande riqueza de experiências que a medicina por si só proporciona (felizes ou não). Sou meio geriátrica mesmo, no melhor sentido da palavra. Uma geronte moderna, é claro. Nunca mais vou dizer a frase "O/A fulano (a) é um(a) idoso(a) de espírito jovem". Isso é uma grande inverdade e não faz o menor sentido. É um preconceito, na realidade. Mais um que eu não havia me dado conta. Agradeço a essas mulheres/pessoas que me enriqueceram tanto. Fantásticas - é o mínimo que posso dizer.

sábado, 7 de junho de 2008

Reflexão



Estou cansada demais para desenvolver um texto maior hoje. Publico, então, esse "slide" (conteúdo da apresentação da fantástica Ligia Py). Tê-la conhecido foi um privilégio.

Erase & Rewind


Tinha começado a escrever uma postagem ontem que não consegui terminar. Talvez não consiga, então resolvi abordar o assunto de outra forma. Ultimamente, tenho vivido algumas situações um pouco complicadas. Existem momentos em que a gente sabe a coisa certa a fazer, mas é difícil assimilar a idéia. Já falei diversas vezes aqui sobre a tal "essência" das pessoas. Quando estamos envolvidos afetivamente, nosso juízo pode ficar bastante prejudicado. Tenho procurado trabalhar esse aspecto em mim. A tolerância é benéfica até certo ponto. Isso é pertinente para alguém que trai nossa confiança de forma mais séria. E deve valer também para outras características que percebemos como incompatíveis, mesmo que inicialmente não pareçam graves. Comportamentos se repetem - isso é fato. A menos que haja um grande esforço e vontade de mudança, os seres humanos tendem a manter seus "defeitos". Alguns desses são realmente subjetivos. Outros, não. A falta de honestidade é percebida como tal aqui ou na China. Cobiçar (e consumar) o desejo pelo alvo de afeto de alguém considerado amigo (em princípio)deliberadamente, nem se fala. Uma pessoa "pão-dura" pode ver a si mesma como "econômica", apenas. Ou como mesquinha mesmo, por um ponto-de-vista distinto. Uma coisa é certa: existe um limite de negação para tudo isso. Lembrei daquela frase do filme "Beleza Americana": "Nunca subestime o poder da negação". Estava pensando sobre essas e outras coisas ontem. Naquela idéia de tentar não interpretar atitudes sempre dentro de um contexto (leia-se, "atenuar"), enfrento uma certa dificuldade de aceitar aquilo que é gritante diante dos meus olhos. A ausência de pequenas gentilezas, denota desinteresse . Passar por cima dos outros, é desvio de conduta. E ponto. Simples assim. A letra de música que postei ontem me remeteu a alguém que conheci recentemente:

Vou soprar essa maldita vela
eu não quero ninguém vindo na minha mesa
Eu não tenho nada a falar com ninguém sobre coisa alguma
Todo bom sonhador passa por isto algum dia
amanhece caído num café escuro
café escuro
Somente na escuridão anterior
eu consegui minhas asas maravilhosas
e voei por aí
É só uma fase, estes dias em cafés escuros

Não questiono e nem condeno. Apenas me deu um certo medo de me tornar assim um dia (primeira estrofe). Me identifiquei com a terceira, na verdade. Sou uma otimista por natureza, no final das contas. E não é por isso vou fingir que não estou vendo. Nem o Stevie Wonder deixaria de enxergar. Força na peruuuuucaaaaa, então.

sexta-feira, 6 de junho de 2008

The Last Time I Saw Richard - tradução


Música do CD "Legião Urbana Acústico MTV". Linda letra.


A última vez que vi Richard

A última vez que vi Richard foi em Detroit em 68
e ele me disse que todos os românticos
encontram o mesmo destino
Algum dia, cínico e bêbado e importunando
alguém em algum café escuro
-Você ri, ele disse: - você pensa que é imune,
vá, preste atenção aos seus olhos
Eles estão cheios de mágoa
você gosta de rosas e beijos e homens bonitos
pra lhe dizer todas essas lindas mentiras,
lindas mentiras
quando é que você vai perceber
que elas não passam de lindas mentiras,
só lindas mentiras, lindas mentiras.

Colocou uma moeda
na "jukebox",
e pressionou três teclas e a coisa começou a girar
Então a garçonete veio
com sua meia arrastão e sua gravata borboleta
e disse:"beba logo que já está na hora de fechar"
"Richard, você não mudou realmente" Eu disse
É só que agora você está romantizando
alguma dor que está em sua mente.
Você tem olhos fundos, mas as canções
que você toca, estão sonhando.
Ouça, eles falam de um amor assim tão doce
Quando você voltará aos seus próprios pés?
Oh e o amor pode ser tão doce, tão doce

Richard se casou com uma patinadora artística
e ele comprou pra ela uma máquina de lavar louças
e um coador de café
e agora ele bebe em casa
quase todas as noite com a tevê ligada
e com todas as luzes da casa acesas e a brilhar
Vou soprar essa maldita vela
eu não quero ninguém vindo na minha mesa
Eu não tenho nada a falar com ninguém sobre coisa alguma
Todo bom sonhador passa por isto algum dia
amanhece caído num café escuro
café escuro
Somente na escuridão anterior
eu consegui minhas asas maravilhosas
e voei por aí
É só uma fase, estes dias em cafés escuros

Agradecimentos a David pelas correções desta tradução tosca

terça-feira, 3 de junho de 2008

Psico (pata?) técnico


Acabei de chegar em casa ligada em 220V. Vai ser daqueles dias em que custo um pouco a desacelerar.Vou ir para a minha cama quentinha quando estiver caiiiindo de sono. Agora vou preparar uma xícara de chá de maracujá - peraí! Voltei! Hoje fui submetida a um teste psicotécnico admissional. Fiquei louca para rir de algumas perguntas. Tinham umas que evidentemente eram para detectar problemas mentais bem grosseiros. O teste inicial consistia de uma série de afirmações sobre traços de personalidade, as quais teriam que ser dadas uma classificação de um a sete (um = nada característico e 7 = totalmente característico, passando pelo "indiferente"). Frases esdrúxulas do tipo "Existem pessoas no mundo a quem não fui apresentada" a potencialmente comprometedoras como "Já tive comportamentos sexuais que seriam desaprovados pela sociedade".Fiquei pensando que essa psicóloga já deve ter lido cada coisa...Mais alguns testes de atenção e ela partiu para o clássico "desenhe uma figura humana". Na hora de entregar, tive que perguntar: "Com ou sem chão?". Resposta: "Como quiseres". Aí desenhei um chãozinho para a garotinha não ficar esquizofrenicamente flutuando no ar...
Mais tarde, por volta das 18h, começou o meu plantão. Atendi um rapaz que me disse "Meu problema, doutora, é esse meu péssimo hábito de fumar". Sem eu perguntar nada, ele complementou: "Sei que é coisa de preguiçoso, mas fumo por que todo mundo fuma...". Me recuso a comentar - estou só relatando...
Mudando um pouco de assunto, domingo resgatei da casa dos meus pais umas agendas da minha famigerada aborrescência. Muitas coisas engraçadas encontrei. Até entendi por que minhas amigas gostavam de pegá-las emprestadas para ler em suas casas (banheiros?). Achei uma letra de uma música que os Mamonas Assassinas nem chegaram a gravar (escrevi no dia em que morreram (2 de março de 1996):
"Como todo bom gaúcho / eu levanto de manhã / dou um soco na mamã / um cacete na irmã. / Tomo chimarrão fervendo / pois eu nunca sinto dor./ Dei um tiro no cachorro /por que não gostei da cor./ Com meu berro estremeço / desde a terra até o Sol / Cai a noite, eu vou prá casa / para pôr meu baby-doll."
Bateu um soninho, agora...Vou tomar um banho quentinho e tentar dormir...Boa noite!

domingo, 1 de junho de 2008

Abstinências


Estava em dúvida se iria compartilhar esse momento da minha vida aqui no blog. Não tem jeito, por que acho que vai ser assunto para várias postagens. Fumei meu último cigarro quinta-feira por volta de 18h. Calma, eu não morri. Apenas decidi parar de fumar. Tinha marcado uma data: 3/5/08. Este seria o dia em que faria a prova de título de especialista em geriatria - adiada para o ano que vem por que preciso ter quatro anos completos de formada (tenho 3 e meio - burrocracia, resumindo). Resolvi parar antes. Já vinha diminuindo há algum tempo o número de cigarros por dia e quinta olhei e só tinha um na carteira de Hollywood mentolado. Então pensei: por que não agora? Ainda estou dentro das estatísticas: cerca de quatro tentativas até o sucesso de abandonar este maldito vício. Havia parado de fumar em janeiro em circunstâncias bem adversas. Fiquei um mês sozinha em São Paulo, estagiando na geriatria da USP. Longe da família, dos amigos e do recém promovido a namorado, na ocasião. Caminhei tanto lá em Sampa que cheguei a emagrecer. Resisti e não dei nem uma tragadinha sequer. Me lembro de um dia que estava super quente e passei por um bar e vi um freezer cheio de Bohemia. Não me contive e sentei no boteco para tomar uma cervejinha. Sozinha mesmo. Não tinha long neck, então foi uma grande mesmo. Voltei trocando as perninhas para o hotel... Difícil também foi não sucumbir à tentação de substituir o cigarro por guloseimas. Aliás, mudar meus hábitos alimentares foi uma coisa difícil que consegui nos últimos 2 anos. Fica mais fácil quando a gente pode escolher o que comprar. Só compro guloseimas quando estou com muita vontade de comer. E fico dias sem comer doce - não me faz falta (exceto na TPM). Sou apaixonada por vinho tinto - outra coisa que reduzi bastante em prol da balança. Estou na fase mais crítica, que é a primeira semana. A abstinência é muito desagradável. E olha que provavelmente estou tendo sintomas mais amenos, devido à medicação que tomo para prevenir crises de enxaqueca. Conversei com a terapeuta os prós e contras de se substituir a minha sertralina por bupropriona, este um anti-depressivo com evidências científicas de auxiliar no abandono do tabagismo (atenuando os sintomas de abstinência). Não dá para tomar os dois juntos. Revisei a interação dessas duas substâncias no Cordiolli (tratado sobre psicofármacos). E olha só que legal: existem relatos de orgasmos espontâneos (!) com sua combinação. É verdade! Coisas da química cerebral...Retomando, a bupropiona não previne enxaqueca, então chegamos a conclusão que trocá-la não seria uma boa idéia. Tenho horários de trabalho (e conseqüentemente, de sono) extremamente irregulares, que predispõem a dores-de-cabeça. Nesses primeiros dias, tenho evitado a companhia de fumantes. A grande maioria dos meus amigos fumam. Fiquei feliz de saber que um deles está parando também. Ele faz aulas de canto e fumar estava (também) prejudicando a sua voz. Outro amigo meu também me perguntou ontem por e-mail como eu estava conseguindo. Penso que não tem fórmula, não. Claro que existem medicamentos, como a bupropiona (já citada) e adesivos/chicletes com nicotina. Mas o mais importante mesmo é estar motivado. Eu, como geriatra, nunca vi um fumante chegar em boas condições de saúde à terceira idade. E eu quero ter uma boa qualidade de vida agora e também no futuro. Duas pacientes que conheci no ano passado me fizeram refletir bastante sobre isso. Uma foi uma moça de 30 anos que atendi na noite de Natal em uma emergência aqui de Porto Alegre. Estava com uma infecção decorrente da quimioterapia para um agressivo tumor de pleura (na caso, sem relação com tabagismo), já em estado avançado. Provavelmente, aquele fosse ser o último Natal dela, por isso a oncologista que a acompanhava prescreveu um tratamento que pudesse ser feito em casa. A outra paciente, uma senhora de oitenta e poucos anos, sofria de um outro tipo de câncer, também não relacionado ao tabaco. Ela ficou lúcida até o finalzinho, o que é incomum no perfil de pacientes que costumo assistir. O esposo dela era um senhor muito querido, que parecia ser muito apaixonado pela esposa (correu uma lágrima, agora). Jamais vou esquecer a expressão dele ao vê-la partindo. Bem, o que eu quero dizer com isso é que morrer deve ser fácil - difícil é para quem fica. A morte é um processo natural tanto quanto nascer. Entretanto, pensei naquele momento que jamais gostaria de ter a sensação de ter uma parcela de culpa pela minha morte. Afff! Tá meio pesado o assunto dessa postagem. Desculpem, queridos leitores. Estou meio erradinha hoje. São abstinências demais para o meu gosto...rs. Vou entrar no site www.mundocanibal.com.br para dar umas risadas. E vou comer por que a fome me deixa braba - me faz rançar que nem criança...Argh! Hoje, nem eu tô me aturando...