quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

Redescobrindo Clarice Lispector *

Rifa-se um coração
Rifa-se um coração quase novo.
Um coração idealista.
Um coração como poucos.
Um coração à moda antiga.
Um coração moleque que insiste
em pregar peças no seu usuário.
Rifa-se um coração que na realidade está um
pouco usado, meio calejado, muito machucado
e que teima em alimentar sonhos e, cultivar ilusões.
Um pouco inconseqüente que nunca desiste
de acreditar nas pessoas.
Um leviano e precipitado coração
que acha que Tim Maia
estava certo quando escreveu...
"...não quero dinheiro, eu quero amor sincero,
é isso que eu espero...".
Um idealista...Um verdadeiro sonhador...
Rifa-se um coração que nunca aprende.
Que não endurece, e mantém sempre viva a
esperança de ser feliz, sendo simples e natural.
Um coração insensato que comanda o racional
sendo louco o suficiente para se apaixonar.
Um furioso suicida que vive procurando
relações e emoções verdadeiras.
Rifa-se um coração que insiste em cometer
sempre os mesmos erros.
Esse coração que erra, briga, se expõe.
Perde o juízo por completo em nome
de causas e paixões.
Sai do sério e, às vezes revê suas posições
arrependido de palavras e gestos.
Este coração tantas vezes incompreendido.
Tantas vezes provocado.
Tantas vezes impulsivo.
Rifa-se este desequilibrado emocional
que abre sorrisos tão largos que quase dá
pra engolir as orelhas, mas que
também arranca lágrimas
e faz murchar o rosto.
Um coração para ser alugado,
ou mesmo utilizado
por quem gosta de emoções fortes.
Um órgão abestado indicado apenas para
quem quer viver intensamente
contra indicado para os que apenas pretendem
passar pela vida matando o tempo,
defendendo-se das emoções.
Rifa-se um coração tão inocente
que se mostra sem armaduras
e deixa louco o seu usuário.
Um coração que quando parar de bater
ouvirá o seu usuário dizer
para São Pedro na hora da prestação de contas:
"O Senhor pode conferir. Eu fiz tudo certo,
só errei quando coloquei sentimento.
Só fiz bobagens e me dei mal
quando ouvi este louco coração de criança
que insiste em não endurecer e,
se recusa a envelhecer"
Rifa-se um coração, ou mesmo troca-se por
outro que tenha um pouco mais de juízo.
Um órgão mais fiel ao seu usuário.
Um amigo do peito que não maltrate
tanto o ser que o abriga.
Um coração que não seja tão inconseqüente.
Rifa-se um coração cego, surdo e mudo,
mas que incomoda um bocado.
Um verdadeiro caçador de aventuras que ainda
não foi adotado, provavelmente, por se recusar
a cultivar ares selvagens ou racionais,
por não querer perder o estilo.
Oferece-se um coração vadio,
sem raça, sem pedigree.
Um simples coração humano.
Um impulsivo membro de comportamento
até meio ultrapassado.
Um modelo cheio de defeitos que,
mesmo estando fora do mercado,
faz questão de não se modernizar,
mas vez por outra,
constrange o corpo que o domina.
Um velho coração que convence
seu usuário a publicar seus segredos
e a ter a petulância de se aventurar como poeta



* Agradecimento especial à minha professora de Literatura Wilma Barata Martins, que me apresentou a esta autora aos dezessete anos.

sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

Queimando o sutiã

São exatamente quatro horas da manhã quando comecei a escrever este texto. Acabei de chegar na minha querida casinha e vim correndo para a frente do micro. Com fome e sede, trouxe a minha garrafinha de água e uma barra de cereal. Fiz esta noite o que considero a queima definitiva do meu sutiã. Tomei coragem, impulsionada pelos dizeres de "Sunscreen" (versão brasileira do repórter e gato - atropelado - Pedro Bial): "faça todos os dias uma coisa que realmente te dê medo" (assassinando o português, em prol da linguagem coloquial). Estava com uma amiga no Cherry Blues geriatricamente sentadinhas tomando uma Coca Zero quando resolvemos "vazar" (adoro essa palavra) dali. No meio do caminho para outro local, minha sempre companheira de festas começou a bocejar (se tem uma pessoa que tem esse direito, é ela). Então, a deixei em casa, sem mencionar que pretendia sair "solita". Ela poderia querer me persuadir do contrário ou ir se arrastando só pela parceria ("é bem o teu tipinho"). A caminho do local escolhido, dirigia pensativa: "É hoje que eu acabo com essa frescura! Eu, uma mulher moderna e com iniciativa, vai ficar com medinho DISSO???" Vinte e nove anos na cara e NUNCA havia me aventurado sozinha na noite de Porto Alegre. Confesso que a primeira tentativa, há cerca de um mês, não foi bem sucedida. Fiquei parada um tempo dentro do carro olhando a fila, pensando como me sentiria decadente (auto-crítica mordaz, como só uma fêmea é capaz)no meio daquela multidão. Com o orgulho ferido pela minha covardia, voltei para o conforto do meu lar. Mas hoje foi diferente (e como!). Mãozinhas trêmulas na fila, mexendo na bolsa a toda hora. Controlado o nervosismo inicial, entrei. Porto Alegre é um ovo, como todos sabem. Tive essa exata noção quando encontrei quatro pessoas conhecidas em menos de dez minutos (inclusive uma médica que conhecia de vista). Após puxar papo no banheiro com a referida colega, engatamos um longo papo sobre assuntos diversos e logo tinha feito duas amizades (amiga da amiga).Simples assim. Achei tanta graça que ambas me cumprimentaram pela minha atitude. E me vi ali, à vontade como muitas vezes não consegui mesmo em companhia de amigos. Estava feliz comigo, o que faz toda a diferença. Minhas recentes amizades foram embora e eu fiquei (elogiada novamente). Ao pedir uma Bohemia no balcão (só me faltava coçar o saco, se eu tivesse um), um moço simpático pegou a minha mão e disse "Noooossa, que mão gelada!". Resposta em tom amigável: "Tudo bem que já são 3 da manhã, mas já estás partindo para a agressão!". E mais tarde engatei um papo ótimo com esse amável rapaz. Jornalista, quase advogado, "meio metido em política" e mais uma porção de coisas. É claro que não poderia deixar de dar um fora (momentos Beth - não têm preço). Depois de dizer a um psiquiatra (sem saber que era): "Deus me livre! Psiquiatra é tudo louco!!!", soltei uma pérola bem pior. Falei a um político: "Político??? Credo!!! Vê se não bate a minha carteira!!!". Essa foi ótima (nada pessoal, amigo). Pensando agora sobre a minha aventura inicialmente solitária, extrapolaria os acontecimentos para a totalidade da minha vida. Enfrentar coisas que causam temor é sempre algo de bom que podemos fazer em prol de nós mesmos. Em vez de pensar "O que aconteceria se eu fizesse "X" coisa?", sempre tendo a cogitar o que deixaria de ocorrer se eu NÃO tivesse feito "X" coisa. Pode parecer inconseqüência, se analisado superficialmente. Não se trata disso. Diz respeito a detectar e superar limites, quebrar tabus (sobretudos os próprios, mais rígidos que os extrínsecos). Tenho questionado bastante algumas das minhas atitudes. Mulher que convida, mulher que chega, mulher que se revela...Breguíssima essa frase. Resolvi, a partir de hoje, obedecer à minha natureza. Sem culpas. Sem constrangimento. Ressuscitei aquela garotinha que marcava com o colega de aula no recreio para declarar sua paixão, com o coração saindo pela boca. Aliás, não tem sensação mais prazerosa do que essa. Não há nada mais gostoso do que se conquistar o que (ou quem) se quer. Sem psicopatia, é claro (estilo Glenn Close, em "Atração Fatal" - baixíssima tolerância à frustração). Saber o que/quem se quer (ou não, fundamentalmente), é um afago à auto-estima (ou ela própria?). Me recuso a viver "Como insetos em volta da lâmpada". É isso aí. Cazuza, tinhas toda a razão. Então, descansem em paz os mortos-vivos.

sábado, 3 de novembro de 2007

Justiça (?)

Cheguei a uma triste conclusão, após minha breve experiência de vida (baseado em um comentário proferido pelo meu pai). Se tivesse a chance de optar por quem ser julgada ao cometer um erro, escolheria a justiça comum. Por que esta considera a primariedade do réu. Já os "juízes" da vida real, emitem sua sentença de maneira arbitrária. O histórico do "réu" torna-se irrelevante. Nem existe a distinção entre doloso e culposo. O único objetivo é punir o "criminoso". Ao contrário daquele "slogan" de refrigerante: "Imagem é tudo. Sede, não é nada.". Democracia = utopia. Pois é.

terça-feira, 30 de outubro de 2007

PALHAÇADA

Vocês viram o que eu vi??? Assistindo ao "Jornal Nacional" na cobertura da confirmação do Brasil como país sede da próxima Copa, fiquei pasma. Duplamente pasma. Primeiro, vi que o emblema contém a cor VERMELHA! Sim, de novo essa cor esdrúxula (no contexto) em um símbolo que vai representar o nosso país no exterior!!! Sei desde criancinha que as cores da nossa band,,eira são azul, amarelo, verde e branco. Isso é deturpação do nosso pobre símbolo nacional!!! Depois, prá fechar com chave-de-ouro, o "grande molusco" elogia o BOM COMPORTAMENTO do brasileiro!!! Aaaaaaaarghhhhh!!! Por que o infeliz não pleiteia cidadania cubana (venezuelana?) e se manda daqui de uma vez??? O que será que ele considera "bom comportamento"? Deve ser seguir aquela máxima de Hitler: "Uma mentira dita cem vezes, torna-se verdade." PALHAÇADA.

terça-feira, 23 de outubro de 2007

Tropa de Elite

Acabei de chegar em casa. Fui assistir "Tropa de Elite". Im-pos-sí-vel não escrever sobre o filme mais comentado do momento. Fazia tempo que não saía de uma sessão de cinema com o público em quase completo silêncio. Eu também estava calada, por que fui sozinha. Mas saí sem palavras. Não vou chover no molhado aqui dizendo "Foi o melhor filme nacional que assisti", por que não vi todos. O que posso dizer é que me causou impacto. E o que mais me impressionou foi a ausência de repercussão em algumas pessoas. "É isso aí. Apenas retratou a realidade no Rio de Janeiro. Não é pesado não. Até deu prá dar umas risadas...". Se esse mesmo filme tivesse sido lançado há uns trinta anos, fiquei imaginando como seriam as reações do público: gente indo embora, outras tendo um piripaque (que termo geriátrico)...E talvez quem as tenha tido agora tenha sido rotulado de "sensível", "fiasquento" ou algo semelhante. Interessante como tudo é "contextualizável", porém, não o deveria. Como diria uma amiga, um assassinato é sempre um assassinato. O que muda são as motivações. Não vou entrar no mérito do que todos já sabem e é corajosamente escancarado no filme. Deixo essa tarefa para o discutível "Direitos Humanos" (seja lá o que isso significa). Particularmente interessante aquela cena em que o rapaz de classe média é surrado pelo policial em meio a uma "passeata pela paz" (sempre quando vejo uma me pergunto se fazem sentido). No filme, o usuário de drogas é retratado como financiador do crime, como o receptador de mercadorias roubadas, por exemplo. Também não entrarei nesse mérito, por que ele parece lógico por si só. Penso que as drogas ilícitas deveriam receber o mesmo tratamento das lícitas. E deveriam ser vendidas legalmente(não livremente-veja bem a diferença). Usuários sempre existirão, então por que não cobrar impostos sobre elas? A tal legalização talvez seja a única forma de acabar com o tráfico e toda a estrutura criminosa que ele engloba/gera. O consumo de tabaco e álcool, amplamente disponíveis, tem um impacto sócio-econômico gigantesco e não se classifica o seu consumo como crime de forma genérica. Mesmo quando deveria. Quando se mata ao volante embriagado, por exemplo. Não tenho essa estatística para citá-la aqui, mas por diversas vezes vi este crime ser julgado como culposo (sem intenção de cometê-lo). Recentemente, houve um juiz que considerou o atropelamento e morte de uma mulher e sua filha (se eu não me engano) por um promotor de justiça como doloso (com intenção). Será que esse caso foi "especial" por tratar-se de um indivíduo presumivelmente ciente das leis vigentes? E o cidadão "comum", é retardado, por um acaso? Alguém que tem a capacidade intelectual mínima suficiente para obter habilitação para dirigir (e que supostamente leu o Código de Trânsito)deveria ser considerado obviamente capaz de avaliar os potenciais riscos de se conduzir alcoolizado. E as elevadas taxas de impostos sobre cigarros, encontram-se muito aquém dos prejuízos causados pelo seu consumo. Então, por que existe essa diferenciação absurda entre lícitas/ilícitas, se o desfecho negativo equilibra-se? Não estou fazendo apologia ao consumo ou legalização específica de coisa nenhuma. Desejo apenas que haja COERÊNCIA nessa nossa m**** de legislação.
A propósito, uma breve fuga de idéias, para terminar: "Tropa de Elite" só não foi mais pesado ainda pela (oni)presença do grande ator Wagner Moura. Fardado e com cara de mau (na vida real, eu prefiro os homens "bonzinhos"). E aquele vozeirão...Afff! Desculpem-me. Vou tomar uma ducha fria. Até mais!

segunda-feira, 22 de outubro de 2007

Tia Beth's Sunscreen (to be continued)

Esta postagem foi inspirada por uma frase dita há alguns meses por um colega/amigo muito querido: "A gente percebe que está ficando velho quando começa a gostar de ouvir Roberto Carlos". O que escreverei, na verdade, não será sobre a descoberta do próprio envelhecimento e sim, da percepção da MATURIDADE. Dois conceitos bem distintos, na minha singela opinião. O envelhecimento é biológico, inexorável. A maturidade é facultativa (mesmo que por vezes não haja possibilidade de escolha-um aparente paradoxo). Então, seja o que Deus quiser (acreditando na existência dele ou não):

Indícios de que a MATURIDADE vem chegando:

#1: supracitado;

#2: alguns dos teus conceitos tornam-se elásticos; outros, solidificam-se (e tornam-se como pedras-podem rachar ao serem submetidas a um choque térmico);

#3: percebe que algumas coisas dependem integralmente do teu esforço;

#4: e que outras independem totalmente dele;

#5: o desequilíbrio entre os itens 3 e 4 pode te transformar em um psicopata ou em alguém estagnado;

#6: a tal felicidade é proporção adequada entre as tuas expectativas e a real capacidade/condição/obstinação de concretizá-las;

#7: e que a discrepância entre ambas é capaz de te tornar um frustado ou um inconseqüente (ou pior, os dois ao mesmo tempo);

#8: quando te sentes bem por perceberes o real valor das coisas (e por não precisares ter contraído uma doença fatal para te dar conta delas);

#9: quando tens a noção de que são as atitudes que têm importância, não as palavras (essa é velha);

#10: e que apesar do item 9, é preciso dosar o que se fala, pois palavras são como a flecha lançada;

#11: e que as cicatrizes deixadas por elas são indeléveis, mesmo com os avanços da Medicina Estética (tentativa de tornar o texto mais leve);

...
Em um outro momento, terminarei esta postagem. Se é que ela tem um fim.

sexta-feira, 19 de outubro de 2007

Bienal

Determinada a exercitar meu hemisfério direito do cérebro, resolvi visitar recentemente a Bienal de Porto Alegre (no cais do porto). Cheguei a duas conclusões. Primeira: não entendo p**** nenhuma de arte!!! Tudo bem, não vou radicalizar. Gostei particularmente de três obras, bem interessantes (as fotos estão no meu álbum do Orkut). Também apreciei alguns textos(o das sementes de abóbora, em especial)que faziam parte, na verdade, de uma obra que não me lembro o nome, muito menos o do artista. Passei duas horas agradáveis passeando sozinha e me divertindo com as descrições (excelente ambiente para abstrair): "este trabalho dimensiona o caráter holístico e magnânimo da polinização da globalização, sob o olhar crítico e tenaz de fulano de tal, enfatizando a necessidade do ser humano, como pessoa, de assumir o seu papel atuante no contexto dramático de um cenário caótico pontuado pelo infinito". Tudo bem, isso foi só um exemplo. Porém, diversas descrições que li não fugiram desse padrão "Gilberto Gil". Ou isso é realmente bizarro ou eu sou por demais ignorante...Segunda conclusão: posso virar artista plástica e ganhar dinheiro com isso. Lembrei de um maluco, em Nova Iorque, que resolveu evacuar em latas, vedá-las e vendê-las como...OBRA DE ARTE! Incrível! Transformar merda em dinheiro apenas dando um nome diferente para sua...OBRA! Pensava que só fabricantes de adubo fossem capaz de tal façanha...Bom, antes que eu morra apedrejada por artistas plásticos revoltados, quero apenas deixar claro que admiro as artes de maneira geral, mesmo sem compreendê-las plenamente. E que tenho, dentro das minhas limitações, senso crítico de não adquirir fezes só por que um pseudo artista as nominou de forma distinta e atribuiu-lhes um valor. E fica registrado o meu respeito pelos verdadeiros artistas.

segunda-feira, 15 de outubro de 2007

A Fábula do Exame de Próstata

Ouvir a verdade é como um exame de próstata (obs: eu não tenho próstata). Na hora te sentes invadido, porém, finges que é tudo muito natural. E retornas a consultar mesmo assim, por que sabes que aquilo é para o teu bem.

sexta-feira, 12 de outubro de 2007

Carta ao Pépe (cachorro da Patty)

Oi, lindinho! A tua mãe me contou que andas mais comportado...Bem...Nem tanto! Me disse que o teu entusiasmo pelas fêmeas chega a ser constrangedor! Acho que está na hora mesmo de trocar os teus brinquedinhos por algo mais interessante. Mas ouve bem alguém de outra espécie, que lida às vezes com machos com o cérebro menos desenvolvido que o teu(sem ofensa): dá um latido simpático, para começar, seguido de uma cheiradinha no traseiro dela (não recomendado para seres humanos). Se ela corresponder, brinca um pouco com ela, por que fêmeas curtem machos divertidos. Faz cocô sempre no jornal (JAMAIS esquece de fechar a porta), pois educação é fundamental. Oferece,de surpresa, um biscrok bem fresquinho-pequenas gentilezas contam muitos pontos. Por fim, se vocês cruzarem (termo não aplicável a seres humanos), pede à tua dona para te levar para passear e demonstra satisfação ao encontrá-la, para que ela se sinta segura de que sentes o mesmo. Se não for o caso, não precisas rosnar! Basta dar uns latidos sem entusiasmo, deixando bem claro que a recíproca não é verdadeira-a maioria das fêmeas não morde quando isso acontece. Por fim, quando encontrares aquela que eriçar os teus pêlos, tenha filhotes (e me dê um-prometo que não perderão contato). Muitos beijos da amiga humana, (ex futura veterinária), que procura entender os instintos dos animais, humanos ou não.

quinta-feira, 11 de outubro de 2007

Macho

O assunto inicial desta postagem deveria ser reflexões sobre o que é realmente ser jovem. Acabei por ter vontade de escrever outra coisa ao papear com uma amiga muito especial, que, sem querer, volta e meia me ispira com suas idéias (se um dia eu me tornar famosa, vou pagá-la royalties-é assim que se escreve?). Falávamos sobre sexo sem compromisso (não espere um texto de conteúdo picante-não é esse o objetivo). Papeei um dia desses, via msn, com um rapaz (termo geriátrico) que considero um dos caras mais bacanas que conheci nos últimos tempos (vai fazê-lo bem ler o que escreverei aqui). Tive uma grande empatia por ele, por que homens que expressam seu sentimentos sem receio (enfrentando seus medos, na verdade), são surpreendentes por si só. Fiquei admirada de ouvir um homem verbalizar que sentia-se desconfortável com o sexo casual. Não exatamente nessas palavras, talvez. Mas foi o que entendi (pode existir um viés do observador aqui). Me contou como foi chegar em um lugar acompanhado, ciente do que iria acontecer e sentir como se houvesse algo fora do lugar. Confesso que, inicialmente, aquilo soou-me como uma visão "feminina". Depois, ao refletir melhor, me dei conta do quão absurdamente preconceituosa estava sendo (e existe algum preconceito razoável, por acaso?). Contradizendo a eu mesma, que há poucos dias havia dito a ele com a boca cheia que "não existiam homens e mulheres,e sim, seres humanos". Proferi essa frase em meio a um debate estúpido (olha quem fala) sobre qual dos sexos era mais orgulhoso. Fiquei com uma certa vergonha, por que parece que eu larguei uma simples "frase de efeito", sem ter parado para pensar sobre isso realmente. Pois bem, antes tarde do que nunca. Após viver 28 anos na pele de uma fêmea, comecei a desconfiar de que ser homem (macho), é muito complicado. Pressões sociais em relação a comportamentos afligem (e é bem esse o termo mesmo) ambos os sexos (e tem mais de dois? Segundo a cantora Simone, tem sim.). Lido de maneira relativamente tranqüila com isso (bem resolvida? Hummm...pode ser). Como já disse algumas vezes aqui, tenho empatia pelo "universo masculino" - se é que ele existe mesmo, ou é apenas uma jogada de marketing para vender revistas estereotipadoras ditas "femininas". Me lembrei de uma pérola que li recentemente:"dicas para homens: tirem primeiro as meias, DEPOIS as calças, pois um homem de cueca e meias fica ridículo". Quem seria a débil-mental que prestaria atenção NISSO numa hora dessas??? Arghhhhh! Dá vontade de mudar de gênero quando uma anta fêmea tem coragem de escrever tamanha asneira(e pior que alguém se presta a publicar)!!! Retomando o foco, após essa breve fuga de idéias: me solidarizo com esse perfil de homem (pessoa) sensível(!). Alguém deveria se sentir incomodado por assumir essa postura? É obvio que não! Se eu achava o mundo de solteira cão (um pouco menos, ao conhecer este ser diferenciado), estou tentada a pensar que ser solteir(O) pode ser tão ou mais complicado quanto. As mulheres, atualmente, têm espaço para assumir uma postura tanto liberal quanto mais conservadora(!). Conservadora não é bem o termo, porém sim uma tranqüilidade em respeitar seus sentimentos sem se sentirem coagidas pela "sociedade feminista". Se uma mulher mostra-se claramente disposta a sexo e não é satisfeita ("aquele" termo macularia a classe do meu texto), logo é tachado de GAY (no mínimo). Confessar o "crime" a um amigo, só se tiver quatro patas e latir...Os sem personalidade cedem à pressão e os que têm critério assumem o risco de serem rotulados - pejorativamente, é claro. Palmas prá eles. Por que tem que ser muito MACHO para arcar com as conseqüências. E prá concluir, sem querer ser maniqueísta: existem dois tipos de seres humanos - os que valem a pena. E os que são dignos dela. FIM!

quinta-feira, 4 de outubro de 2007

Vende-se casa.

Analogias. Sempre gostei de analogias. É uma forma de tentar expressar idéias de uma maneira concreta (concreta, não concretóide, por favor!). Estava conversando com uma grande amiga um dia desses, quando algo me ocorreu. Na referida circunstância, estávamos conversando sobre relacionamentos entre homens e mulheres (seres do sexo feminino típicos). Uma idéia me veio à mente, que talvez seja pertinente a qualquer espécie de relação humana. Quando se quer vender um imóvel, por exemplo. Interessam os motivos por que alguém NÃO quer adquirí-lo? Por impossibilidade financeira, por que a disposição dos cômodos não lhe agrada, por que a localização é inadequada...Não! O que se quer é o dinheiro da venda, o sucesso do negócio em si. Então, por que temos dificuldade de lidar quando uma situação semelhante acontece em outras áreas de nossa vida? Por que encarar como pessoal o que não é? Fácil racionalizar. Nem tão simples de introjetar. Afinal, em última instância, o que buscamos é aceitação (ou a não rejeição - palavrinha forte, héin?). Há de se ter um grande amor próprio para compreender que tudo é uma questão de diferenças de perspectivas e expectativas...Estou aprendendo a transcender - me sinto orgulhosa de mim por isso. De verdade. Desejo a todos que leiam este texto que reflitam sobre ele tanto ou mais do que eu o fiz ao redigí-lo. E vamos filosofar, por que namorar tá f***.

sexta-feira, 21 de setembro de 2007

Fuga de idéias 2

Descobri que escrever é uma forma maravilhosa de lidar com a minha ansiedade. E que momento de vida propício para estar assim, por sinal! Cheia de dúvidas e me questionando a todo instante. Se alguém souber a tecla de "off" do cérebro, me diga, por favor. Recém saída de uma tempestade, que ainda não sei bem se foi real ou não, me sinto zonza. Queria ser como a Marta Suplicy que relaxa e goza, simplesmente. E ganha dinheiro ensinando os outros como fazê-lo...Longe de mim admirá-la, veja bem. Bom, quando comecei a escrever este texto, saberia que seria um "Fuga de idéias 2". Mas tudo bem...A vida real não é sistemática mesmo. A pergunta que não quer calar é: se "A" se torna cada vez mais parecido com "B", então "B" na verdade é "A"? Parece bastante vago, porém, não é. A minha noção é de que,com o passar do tempo,tende-se a ser cada vez mais flexível com pessoas, conceitos e preconceitos, principalmente. Será a tal "maturidade" que vem chegando? Tenho minhas dúvidas...E até que ponto é possível viver saudavelmente sem se adaptar à dita "flexibilidade". Minha crítica, nem tão severa na prática, é que ser elástico demais pode denotar fraqueza de caráter. Sempre tendo a avaliar tudo dentro de um contexto. E onde estão os limites disso? Alguém pode roubar por que precisa de dinheiro? A ausência de escrúpulos tem justificativa? Ouço com freqüência discursos inflamados sobre a corrupção na política...E então me lembrei de um provérbio chinês que diz mais ou menos assim: antes de querer mudar o mundo, dê uma volta dentro da sua casa. Há milênios a hipocrisia está aí. Incomodada, resolvi então dar uma voltinha dentro da "minha casa". Hasta la vista.

sexta-feira, 14 de setembro de 2007

Imagem

Expressões de sentimentos não devem causar medo. Dizem muito mais a respeito de quem declara do que do objeto em si. São como uma imagem refletida em um espelho de um parque de diversões. Ou como a parábola do homem que enxergava as sombras projetadas de dentro da caverna. E, na sua condição de mera imagem, podem ter a fugacidade de sua passagem e a intensidade do impacto inicial que geraram. E ponto final.

sábado, 14 de julho de 2007

Hemorróidas

Um dia desses ouvi uma frase que ficou martelando em minha cabeça: "Eu sou fazido." Soou tão estranha aos meus conceitos que foi como se alguém estivesse se vangloriando de sofrer de hemorróidas...Sim! Hemorróidas! Afinal, existiria alguma vantagem nesse tipo de comportamento? Ao meu ver, claramente, não há. Por que dissimular nossos desejos, quando é tão mais simples expressá-los? Quantos problemas nascem por erros banais de comunicação? Quem nunca ouviu ou disse: "Mas não foi isso o que eu quis dizer". Não estou fazendo aqui apologia à sinceridade desmedida, por que isso só funciona em teoria. Vivemos em sociedade e lidamos com pessoas extremamente diferentes de nós, então filtrar as palavras se faz necessário (em condições normais de temperatura e pressão). Frasezinha clichê: expor-se requer coragem. E de vez em quando dar um soco bem dado na cara do Superego. Superego é um termo utilizado em psiquiatria, que não vem ao caso aprofundar aqui, que é o contraponto do Id. Grosseiramente, o Superego é o anjinho e o Id é o diabinho que se estapeiam continuamente dentro das nossas cabecinhas (Freud está revirando-se no túmulo). No meio dessa zona, está o Ego, TENTANDO ponderar (a tampa do túmulo voou). Estou, agora, sem muito entusiasmo, buscando as desvantagens de ser verdadeiro. Não estou encontrando (aqui está um viés de um estudo que JAMAIS poderia ser duplo-cego). Desde que se tenha colhões (ou ovários) para isso, é claro. Sejas verdadeiro consigo mesmo, sobretudo. O resto...deixa acontecer naturalmente (trecho descaradamente copiado de um pagode).

domingo, 8 de julho de 2007

Água

Uma amiga chegou a uma conclusão: os que não lidam bem com os sentimentos alheios assim o fazem não por insensibilidade, mas sim por não saberem administrar seus próprios sentimentos. Sábias palavras. Descobri minha maior dificuldade, então. Lidar com o embotamento afetivo. A falta de afeto me agride mais do que qualquer demonstração de desagrado. Prefiro lidar com algo a não lidar com NADA. A verdade desce redonda goela abaixo. E um copo d'água morno, mesmo se oferecido a quem tem sede, é inodoro, incolor e insípido. Masoquistamente insípido.

sábado, 7 de julho de 2007

Mestres

Após um longo período de silêncio, sinto vontade novamente de escrever. Algo de inspirador ocorreu hoje, em um dia de trabalho que poderia ter sido como outro qualquer. Soube notícias de uma professora do colégio que não vejo há anos. Fiquei tão emocionada ao perceber o quanto marcou minha vida. Me ensinou a apreciar poesia aos dezessete anos, dentre outras coisas. Me lembro de suas aulas até hoje, lecionadas com uma paixão contagiante! Imediatamente, me veio a imagem de uma grande amiga, professora de Letras. Um dia desses, fomos passear em um parque e, de tempos em tempos, éramos abordadas por seus alunos. Todos nitidamente felizes em encontrar a "Sôra". Conversamos sobre as diversas histórias de vida de alguns de seus alunos. Algumas muito tristes, de crianças que carregam cargas de sofrimento que seriam pesadas até mesmo para um adulto. Esta amiga leciona em algumas escolas públicas, lidando com realidades diversas às nossas próprias infâncias. Fiquei tão orgulhosa da minha amiga ao vê-la emocionar-se falando com tanto carinho de seus alunos. Naquele momento, lembrei de todos aqueles que influenciaram fortemente minha formação. E percebi que determinadas funções não podem ser exercidas sem envolvimento. Isso transcende o conhecimento técnico puro e simples. Pensei na minha referida professora do segundo grau e de outros que me ensinaram coisas que não constam nos livros, mas são igualmente essenciais. Humanidade, sensibilidade, humildade...E por aí vai. Em todas as etapas do meu aprendizado, sempre tive a imensa necessidade de admirar alguém. Mesmo crescida (e como!), ainda digo: "Quero ser como o fulano quando eu crescer!". Obrigada a todos os meus espelhos, passados(sempre presentes) e atuais. Agradeço especialmente a um geriatra pelo exemplo de sua excelência profissional e de seu caráter irretocável. Obrigada, Senhor#4.

domingo, 20 de maio de 2007

Alicerces

Estava quase me dirigindo para a minha cama quentinha, após um ótimo papo com uma amiga em um bar da Cidade Baixa, quando comecei a refletir sobre a vida (putz!). Na verdade o assunto foi o tema principal da conversa. Percebi o quanto às vezes é difícil separar o que realmente queremos daquilo que os outros esperam de nós, principalmente quando viemos de uma estrutura familiar tradicional. Somos condicionados a seguir um padrão de vida dito socialmente aceitável: fazer uma faculdade, ter um emprego, construir um relacionamento estável/casar, ter filhos e por aí vai. Isso soou-me como as aulas de Ciência do colégio: "Os seres vivos nascem, crescem, envelhecem, reproduzem-se e morrem". Lembrei imediatamente se algumas das pessoas geniais que conheço foram incentivadas por um dia sequer a seguirem o rumo que traçaram para suas vidas. Será que a mãe da Fernanda Montenegro ficou feliz quando ela disse que gostaria de atuar? Nem sei por que lembrei dela especificamente, poderia ter sido qualquer outro que tivesse tido seus sonhos subestimados. Engraçado que ontem também pensava sobre isso, quando recebi um e-mail do meu irmão com uma mensagem que imediatamente coloquei em meu perfil no Orkut. Toda essa reflexão, que há tempos ecoava dentro da minha cabeça, tornou-se mais intensa ao conhecer um certo alguém que mexeu com os meus brios. Circulo no meu dia-a-dia em um meio extremamente conservador, onde qualquer comportamento ou aparência pessoal que fuja dos padrões são vistos com desconfiança. "Imagina ser atendida por uma médica de cabelo vermelho!!! O que os pacientes iriam pensar???"- comentário proferido por um colega de quem gosto muito, mas que me assustou por vir de alguém com uma capacidade intelectual diferenciada. Me questionei se todos os que seguem modelos de vida pré-estabelecidos o fizeram realmente por vontade própria (vocação?) ou por não terem coragem de terem agido diferente. Vejo por aí uma porção de casamentos frustrados, trabalhadores-robôs, péssimos pais...Aliás, lembrei de algo que li que dizia que era um absurdo todos poderem ter filhos livremente, enquanto que para se dirigir um carro, é indispensável possuir habilitação - achei fantástico. Admiro os que têm coragem de não cederem às pressões,os que conseguem abrir mão de uma vida supostamente segura para seguirem SUAS verdades. Questionei minha própria postura - fiquei chocada ao perceber que a diferenciação entre as influências externas e o meu real "eu" (desculpem o baita clichê) é muito tênue. Estremeceram-se os alicerces, enfim.

sábado, 19 de maio de 2007

Obrigada, Senhor # 3

Estou muito satisfeita por ter encontrado um local para sair na noite que me agradou. Cheio o suficiente sem ser desagradável, banheiros sem fila (por que só uma mulher entende a combinação bexiga pequena + uretra minúscula), boa música e um preço justo. Claro que estar em companhia de amigos divertidos entra no conjunto da obra. Surpresa com meu repentino entusiasmo pela noite porto alegrense, me perguntei o por quê. Percebi então que quem estava diferente era eu. Apesar de ser uma pessoa sociável, não costumo me comportar assim em ambientes desse tipo. Não sei "flertar" (que termo geriátrico-melhor que paquerar, que é adolescentesco). Olhares insinuantes, sorrisinhos sexies, dançar com cabelos esvoaçantes mexendo os quadris...Até que eu tento, mas não sinto naturalidade nisso. Acabo por assumir uma postura defensiva, que soa antipática e até hostil. A minha percepção é que a imensa maioria das pessoas estão ali para suprir suas carências físicas, basicamente. Tudo bem. Ver tanta gente se beijando dá vontade também, mesmo que o teu plano inicial seja de apenas se divertir com os amigos. Parei de reclamar daqueles caras que já chegam "agredindo", sem nem querer saber teu nome e daqueles com papinhos batidos. Decidi ser a Beth (auto referência em terceira pessoa, como as celebridades falam). Sou objetiva, sincera (com quem também é), tenho senso de humor (sarcástico, com os que merecem), não economizo elogios (verdadeiros), sou simpática, romântica (nas circunstâncias pertinentes), adoro contar e ouvir histórias, evito julgamentos e não me anulo para parecer agradável . Se estou afim, verbalizo (morte às pseudo-conselheiras das revistas femininas!!!). Aquele amigo que me chamou de "mulher macha" me disse que posso sofrer os dois extremos das conseqüências: me dar muito bem ou quebrar a cara feio. Como sou uma otimista paradoxal (espero sempre menos dos outros, para mesmo o pouco parecer suficiente ou ótimo), prefiro arriscar. Servir minha cabeça em uma bandeja? Definitivamente não é o objetivo.
Se eu agisse de forma diversa, a probabilidade de atrair homens com perfis inadequados seria bem maior. É claro que os sociopatas (psicopatas) estão por aí (fiquei feliz em saber que esse temor não é só meu). Então, por questão de auto-preservação, uma dose adequada de malícia (não confundir com maldade) se faz necessária. Termino minha reflexão filosófica com a conclusão que sou mais autêntica sóbria do que ébria (obrigada, Senhor #3) .

quarta-feira, 16 de maio de 2007

Fuga de idéias

Ouvi recentemente de um amigo: "tu és a mais "macha" das minhas amigas!" Poderia ter sido traumatizante se tivesse um "flashback" da minha infância, quando meu irmão me chamava jocosamente de "Tonhão" (aquele personagem vivido brilhantemente pela Cláudia Raia, em TV Pirata"). Mas realmente não me causou impacto negativo. Muito antes pelo contrário (adoro esta frase). Sou uma admiradora do universo masculino. Aprecio e, às vezes, até invejo sua visão das coisas. É importante frisar de que não falo necessariamente de homens (os "xy") propriamente ditos. Existem mulheres "machas" (não me refiro à opção, digo, condição, sexual) e homens com um funcionamento fortemente feminino (como o meu amigo que teceu o referido comentário). Daí minha dificuldade de entender o por quê de livros do gênero "Homens são de Marte, mulheres são de Vênus" estarem com freqüência na lista dos mais vendidos. Tenho amigas "machas" e amigos "fêmeas", então essa classificação me soa bizarra. Na verdade, eu mesma estou sendo contraditória escrevendo sobre isso. Sou uma defensora dos homens quando reclamam que suas parceiras os proíbem de sair com seus amigos, assim como é um absurdo que as mulheres abandonem sua vida social quando estão "engatadas". Detesto casais simbióticos, com pérolas do tipo: "só vou se ele for". Então quando um diz uma frase e o outro completa, é por que a relação é patológica (devo ter lido isso em uma "Nova"-revista feminina de auto-ajuda, para mulheres). Como diria uma grande amiga minha "Hellooooou???": só diria "só vou se você for" a algum órgão interno-se ele fosse vital, é claro! Nesse momento, alguém me interromperia dizendo: "mas é preciso ter confiança" e todo esse blá, blá, blá. Tudo bem, eu mesma posso estar chovendo no molhado. Queria dizer, com fuga de idéias e tudo mais, que aprecio diversos aspectos do funcionamento dito masculino. Tento incorporar tudo aquilo que poderia me fazer mais feliz. A objetividade é um deles. Da racionalidade, ainda desconfio. Acabei de, sem querer, demonstrar meu aspecto feminino mais forte: a tendência de interpretar. Mesmo sabendo que homens não lêem entrelinhas e não compreendem o subeetendido, insisto sem querer. Eles não fazem isso deliberadamente. Assim como um homem tende a ter um senso de direção aguçado, as mulheres saem-se muito bem desempenhando múltiplas tarefas ao mesmo tempo. Habilidades distintas, que nos ajudam ou atrapalham (podemos escolher pegar a faca pelo cabo ou pela lâmina). Todo esse papo me fez lembrar de uma pergunta que um dia, ouvi de um certo alguém, a quem conhecia muito pouco: "Tem algo em mim que tu não gostas?". Resposta: "Por enquanto não, mas talvez não seja o momento ideal de te responder, afinal, estou com umas lentes cor-de-rosa que atrapalham a minha visão." Pergunta feminina oriunda de um homem, com resposta feminina proveniente de uma mulher. Análise dos fatos: não reclama que teu/tua parceiro(a) (ex, atual, seja o que for) mudou. Ele (a) se mostrou inteiramente a ti desde o princípio. Foste tu que selecionaste o que queria enxergar. Por que ver é bem diferente de enxergar. E a culpa não é de ninguém.
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Episódio ocorrido "na noite", na Cidade Baixa:

Esperando uma amiga retornar do toalete, com um copo de cerveja na mão, com aquele ar de "estou tri à vontade neste ambiente hostil", sou abordada por um ser verticalmente desfavorecido (SVD) :
SVD: Foi com a tua irmã ou contigo que eu dancei?
EU: Com a minha irmã (irmã=amiga).
SVD: Mas tu és tão linda quanto ela (passando sua pequenina mão no meu cabelo)...
EU: Baaaaaah...Tu sabes que o teu elogio fez TÃO BEM à minha auto-estima quanto se eu tivesse passado em frente a uma obra, de minissaia e comendo uma banana...
SVD: Tu tá me tirando?
EU: Sim, estou. (séria)
O SVD pegou sua cerveja, virou as costas e foi embora.
Conclusão: ao demonstrar interesse por uma mulher, não importa em qual situação, faça SEMPRE parecer que ela é única e especial, mesmo que não seja verdade.

segunda-feira, 14 de maio de 2007

Por que criei este blog?

Sempre gostei bastante de escrever e minha área de atuação profissional não me proporciona oportunidades. Então pensei: seria uma ótima forma de sublimar minha vontade, fugindo do assunto que os médicos invariavelmente abordam: Medicina. Apesar de ter vivenciado durante minha curta experiência profissional um razoável número de histórias, não considero atrativo relatá-las.
Considero os demais campos da minha vida fontes interessantes de "causos" para a construção deste blog. Espero ter a capacidade de extrapolar meu senso de humor (obrigada, Senhor) do meu cotidiano para tal.
Ser capaz de lidar com os percalços da vida com humor e atitude positiva é uma dádiva, porém, são nos momentos nebulosos e até tediosos (por que eu sou normal) que podem surgir os melhores "insights". Para ser exata, tive uma incontrolável vontade de criar este blog quando entrei no Orkut de um amigo que não vejo há tempos, formado em Letras e que encontra-se fora do país para fazer mestrado. Além de ser uma forma de saber notícias deste amigo distante, sempre encontro em seu blog algo interessante. Ele habitualmente escreve observações peculiares sobre o dia-a-dia, com uma perspectiva diferente.
Meu objetivo realmente não é criar um "diário" adulto, até por que estou chegando pertinho dos trinta anos (estou com 28) e alguém já teve essa idéia!
Ah! Também estou rodeada de amigos inteligentes, divertidos, pouco convencionais, que tornam minha existência rica e repleta de afeto (obrigada, Senhor #2). Estes sempre serão minhas inesgotáveis fontes de inspiração!
Em resumo, estou parecendo o Gilberto Gil, que fala prá caramba, conseguindo dizer pouco...

Um grande beijo e abraço a todos o que são importantes e aos que, um dia, deixaram de sê-lo.