quarta-feira, 16 de maio de 2007

Fuga de idéias

Ouvi recentemente de um amigo: "tu és a mais "macha" das minhas amigas!" Poderia ter sido traumatizante se tivesse um "flashback" da minha infância, quando meu irmão me chamava jocosamente de "Tonhão" (aquele personagem vivido brilhantemente pela Cláudia Raia, em TV Pirata"). Mas realmente não me causou impacto negativo. Muito antes pelo contrário (adoro esta frase). Sou uma admiradora do universo masculino. Aprecio e, às vezes, até invejo sua visão das coisas. É importante frisar de que não falo necessariamente de homens (os "xy") propriamente ditos. Existem mulheres "machas" (não me refiro à opção, digo, condição, sexual) e homens com um funcionamento fortemente feminino (como o meu amigo que teceu o referido comentário). Daí minha dificuldade de entender o por quê de livros do gênero "Homens são de Marte, mulheres são de Vênus" estarem com freqüência na lista dos mais vendidos. Tenho amigas "machas" e amigos "fêmeas", então essa classificação me soa bizarra. Na verdade, eu mesma estou sendo contraditória escrevendo sobre isso. Sou uma defensora dos homens quando reclamam que suas parceiras os proíbem de sair com seus amigos, assim como é um absurdo que as mulheres abandonem sua vida social quando estão "engatadas". Detesto casais simbióticos, com pérolas do tipo: "só vou se ele for". Então quando um diz uma frase e o outro completa, é por que a relação é patológica (devo ter lido isso em uma "Nova"-revista feminina de auto-ajuda, para mulheres). Como diria uma grande amiga minha "Hellooooou???": só diria "só vou se você for" a algum órgão interno-se ele fosse vital, é claro! Nesse momento, alguém me interromperia dizendo: "mas é preciso ter confiança" e todo esse blá, blá, blá. Tudo bem, eu mesma posso estar chovendo no molhado. Queria dizer, com fuga de idéias e tudo mais, que aprecio diversos aspectos do funcionamento dito masculino. Tento incorporar tudo aquilo que poderia me fazer mais feliz. A objetividade é um deles. Da racionalidade, ainda desconfio. Acabei de, sem querer, demonstrar meu aspecto feminino mais forte: a tendência de interpretar. Mesmo sabendo que homens não lêem entrelinhas e não compreendem o subeetendido, insisto sem querer. Eles não fazem isso deliberadamente. Assim como um homem tende a ter um senso de direção aguçado, as mulheres saem-se muito bem desempenhando múltiplas tarefas ao mesmo tempo. Habilidades distintas, que nos ajudam ou atrapalham (podemos escolher pegar a faca pelo cabo ou pela lâmina). Todo esse papo me fez lembrar de uma pergunta que um dia, ouvi de um certo alguém, a quem conhecia muito pouco: "Tem algo em mim que tu não gostas?". Resposta: "Por enquanto não, mas talvez não seja o momento ideal de te responder, afinal, estou com umas lentes cor-de-rosa que atrapalham a minha visão." Pergunta feminina oriunda de um homem, com resposta feminina proveniente de uma mulher. Análise dos fatos: não reclama que teu/tua parceiro(a) (ex, atual, seja o que for) mudou. Ele (a) se mostrou inteiramente a ti desde o princípio. Foste tu que selecionaste o que queria enxergar. Por que ver é bem diferente de enxergar. E a culpa não é de ninguém.

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