sábado, 14 de julho de 2007

Hemorróidas

Um dia desses ouvi uma frase que ficou martelando em minha cabeça: "Eu sou fazido." Soou tão estranha aos meus conceitos que foi como se alguém estivesse se vangloriando de sofrer de hemorróidas...Sim! Hemorróidas! Afinal, existiria alguma vantagem nesse tipo de comportamento? Ao meu ver, claramente, não há. Por que dissimular nossos desejos, quando é tão mais simples expressá-los? Quantos problemas nascem por erros banais de comunicação? Quem nunca ouviu ou disse: "Mas não foi isso o que eu quis dizer". Não estou fazendo aqui apologia à sinceridade desmedida, por que isso só funciona em teoria. Vivemos em sociedade e lidamos com pessoas extremamente diferentes de nós, então filtrar as palavras se faz necessário (em condições normais de temperatura e pressão). Frasezinha clichê: expor-se requer coragem. E de vez em quando dar um soco bem dado na cara do Superego. Superego é um termo utilizado em psiquiatria, que não vem ao caso aprofundar aqui, que é o contraponto do Id. Grosseiramente, o Superego é o anjinho e o Id é o diabinho que se estapeiam continuamente dentro das nossas cabecinhas (Freud está revirando-se no túmulo). No meio dessa zona, está o Ego, TENTANDO ponderar (a tampa do túmulo voou). Estou, agora, sem muito entusiasmo, buscando as desvantagens de ser verdadeiro. Não estou encontrando (aqui está um viés de um estudo que JAMAIS poderia ser duplo-cego). Desde que se tenha colhões (ou ovários) para isso, é claro. Sejas verdadeiro consigo mesmo, sobretudo. O resto...deixa acontecer naturalmente (trecho descaradamente copiado de um pagode).

domingo, 8 de julho de 2007

Água

Uma amiga chegou a uma conclusão: os que não lidam bem com os sentimentos alheios assim o fazem não por insensibilidade, mas sim por não saberem administrar seus próprios sentimentos. Sábias palavras. Descobri minha maior dificuldade, então. Lidar com o embotamento afetivo. A falta de afeto me agride mais do que qualquer demonstração de desagrado. Prefiro lidar com algo a não lidar com NADA. A verdade desce redonda goela abaixo. E um copo d'água morno, mesmo se oferecido a quem tem sede, é inodoro, incolor e insípido. Masoquistamente insípido.

sábado, 7 de julho de 2007

Mestres

Após um longo período de silêncio, sinto vontade novamente de escrever. Algo de inspirador ocorreu hoje, em um dia de trabalho que poderia ter sido como outro qualquer. Soube notícias de uma professora do colégio que não vejo há anos. Fiquei tão emocionada ao perceber o quanto marcou minha vida. Me ensinou a apreciar poesia aos dezessete anos, dentre outras coisas. Me lembro de suas aulas até hoje, lecionadas com uma paixão contagiante! Imediatamente, me veio a imagem de uma grande amiga, professora de Letras. Um dia desses, fomos passear em um parque e, de tempos em tempos, éramos abordadas por seus alunos. Todos nitidamente felizes em encontrar a "Sôra". Conversamos sobre as diversas histórias de vida de alguns de seus alunos. Algumas muito tristes, de crianças que carregam cargas de sofrimento que seriam pesadas até mesmo para um adulto. Esta amiga leciona em algumas escolas públicas, lidando com realidades diversas às nossas próprias infâncias. Fiquei tão orgulhosa da minha amiga ao vê-la emocionar-se falando com tanto carinho de seus alunos. Naquele momento, lembrei de todos aqueles que influenciaram fortemente minha formação. E percebi que determinadas funções não podem ser exercidas sem envolvimento. Isso transcende o conhecimento técnico puro e simples. Pensei na minha referida professora do segundo grau e de outros que me ensinaram coisas que não constam nos livros, mas são igualmente essenciais. Humanidade, sensibilidade, humildade...E por aí vai. Em todas as etapas do meu aprendizado, sempre tive a imensa necessidade de admirar alguém. Mesmo crescida (e como!), ainda digo: "Quero ser como o fulano quando eu crescer!". Obrigada a todos os meus espelhos, passados(sempre presentes) e atuais. Agradeço especialmente a um geriatra pelo exemplo de sua excelência profissional e de seu caráter irretocável. Obrigada, Senhor#4.