quarta-feira, 22 de outubro de 2008

* Esculhambação e Retrocesso



Estou aqui em frente ao computador há alguns minutos, pensando se devo ou não escrever agora. Estou há dias assim, na verdade. Têm alguns momentos na minha vida em que fico realmente receosa de escrever. Meu coraçãozinho está disparado nesse momento (por volta de 100b.p.m.). Já recebi algumas críticas em relação a me expor aqui, o que me inibe até um certo ponto. Pois então, vou parar de enrolar. Aconteceram alguns fatos recentemente com uma grande amiga que me fizeram parar para pensar. E pelo menos para isso ainda não cobram impostos. O que aconteceu a ela, especificamente, não vem ao caso. Genericamente, uma das melhores pessoas que conheço foi vítima, mais uma vez, da falta de escrúpulos alheia. "Amigos" e "amores" muito econômicos, digamos assim - economiza-se inimigos, pois acabam cumprindo dupla função. O que mais me chocou foi a reação de alguém que disse a ela: "Fulaninha, o teu problema é que confias demais nas pessoas!". Distorção semelhante seria chegar numa delegacia para prestar queixa e ouvir "Quem mandou portar coisas passíveis de serem roubadas???". Veja bem, nenhum ser humano de bom-senso vai andar com um Rolex à vista, mas assim já é demais para a minha cabeça. Que tamanha distorção de conceitos! Devemos adotar uma postura paranóide em relação a tudo e todos (sobretudo)? Queria responder a essa pergunta com um "não" bem convicto, porém, não consigo fazê-lo. Tive a sorte de crescer em um ambiente onde a honestidade sempre foi passada a mim por meio de exemplos. Também tenho amigos à minha volta com os mesmos valores que eu. Aliás, já prometi a mim mesma que vou ser mais cuidadosa ao chamar alguém de "amigo". Mais cautelosa ainda ao expressar admiração por outro ser humano (pode ser só um "bípede"...). Soube que fui rotulada, recentemente, de "moralista". Aceitei como um elogio, claro. Preceitos como não cobiçar o cônjuge do próximo e não apropriar-se indevidamente do alheio fazem parte dos dez mandamentos, não? Até eu, que sou atéia, sei disso. Algumas coisas que acontecem àqueles que amamos nos afetam em graus variados. Talvez por estar em um momento mais sensível e reflexivo, fiquei mais chocada ainda com o que vi. Um dia desses, ouvi uma frase de uma música do Legião: "Todo mundo sabe/ninguém quer mais saber/Afinal amar ao próximo/está tão demodé". Reconheço (e desfruto) de todas as vantagens desse mundo dito "moderno", mas creio que conceitos como caráter, respeito, honestidade e transparência (e tantos outros), jamais deveriam sair de moda. Não quero me tornar alguém desacreditada na bondade humana...Admito que isso está se tornando um grande desafio. Tentando me manter como um galho verde que se enverga e retorna à sua forma original. Lembrando que o sol e o vento em excesso podem secá-lo e...

* Parafraseando os dizeres de nossa bandeira nacional.

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