terça-feira, 29 de julho de 2008

Medo


"A vida é maravilhosa se não se tem medo dela" - Charles Chaplin.

Procurava uma nova frase de abertura para o blog, quando me deparei com esses dizeres. Eis que surge uma idéia de postagem. Discorrer algo sobre o medo. Indiretamente, já falei dele diversas vezes aqui no blog. Sempre lembro daqueles dizeres "Podemos escolher pegar a faca pelo cabo ou pela lâmina". Muito interessante. Tudo oferece algum tipo de risco e somos constantemente postos à prova. Com o medo, é a mesma coisa: pode nos estimular ou nos limitar. Em excesso ou ausência, pode nos ser muito prejudicial. Que os digam os psiquiatras - enchem os bolsos tratando dos extremos. É claro que é protetor, também - óbvio. E, paradoxalmente, repele e atrai ao mesmo tempo. Até pagamos para sentí-lo, como no risco calculado de uma montanha-russa, por exemplo. O medo e a dor guardam muitas semelhanças. Vejam só: se não sentíssemos dor, nos machucaríamos sem perceber, colocando-nos em risco. Existe um tipo de dor chamada "alodínia". Trata-se de uma sensação de dor desencadeada por um estímulo normalmente não doloroso - como um leve toque. Fobias são medos alodínicos. Falta de medo é...hanseníase (lepra - lembram-se daquele comercial em que a mulher queimava o braço no fogão e não sentia?). Bem, os caras do "Jackass" ganham a vida com esse "talento" (parafuso frouxo?). Acho que a nossa percepção do medo tem bastante a ver com o modo que somos criados. É claro que uma criança que cresce em um ambiente onde lhe proporcionam segurança, tenderá a ser mais corajosa. Pais despreparados nunca deixarão os terapeutas desempregados. Sem falar na danada da inescapável genética. Interessante a forma como os filmes de terror exploram isso. Fobia de aranhas, de répteis (sem piadinhas de duplo sentido, por favor...) e outras coisas frias, pegajosas...Bah, lembrei de uma cena da minha infância, em que meu pai pegou uma lagartixa para mostrar para mim e para o meu irmão:"Olhem a boquinha dela - não têm dentes. E ela come mosquitos!". Como sempre fui muito alérgica a insetos, logo simpatizei com aquele bichinho (tinha uma bem grande e gorda que sempre dava o ar da graça no meu quarto ao anoitecer). Quanto a filmes de terror, dois conseguiram me assustar de verdade até hoje: a sequência "Jogos Mortais" e "O Exorcista". Tinha medo do "Poltergeist" quando era pequena, mas assisti assim mesmo. Agora que estou crescidinha, temo coisas plausíveis: que o Lula se reeleja, de não poder mais trabalhar...Tenho medo da minha própria espontaneidade, também. Um dia, brinquei com uma amiga: "Putz! Às vezes me sinto como se estivesse pelada no meio do Maracanã!". O medo de deixar de ser eu me impede de mudar. "Cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é", já diria Caetano (se eu não me engano).
"Lo que tenga que ser, que sea" - trecho de uma música que estou ouvindo agora.

Buenas noches!

2 comentários:

Ana Lúcia disse...

excelente postagem-crônica. sabes o que me doeu? o despertar de uma identificação sagrada. tão bom sentir isso, que dói. mas ainda assim é tão bom...

Beth disse...

Obrigada!
Pior é não sentir nada...Isso sim é lamentável. No mais, depois que percebi o quanto tantas coisas são transitórias e que a sensação de controle é falsa em diversas situações...Relaxei.
É isso aí, amiga - keep walking.
Se gato escaldado tem medo de água fria...coloco uma roupa de neoprene e...Fuerza en la pelucra!

Obrigada e aparece sempre!

Besos!