sábado, 7 de junho de 2008

Erase & Rewind


Tinha começado a escrever uma postagem ontem que não consegui terminar. Talvez não consiga, então resolvi abordar o assunto de outra forma. Ultimamente, tenho vivido algumas situações um pouco complicadas. Existem momentos em que a gente sabe a coisa certa a fazer, mas é difícil assimilar a idéia. Já falei diversas vezes aqui sobre a tal "essência" das pessoas. Quando estamos envolvidos afetivamente, nosso juízo pode ficar bastante prejudicado. Tenho procurado trabalhar esse aspecto em mim. A tolerância é benéfica até certo ponto. Isso é pertinente para alguém que trai nossa confiança de forma mais séria. E deve valer também para outras características que percebemos como incompatíveis, mesmo que inicialmente não pareçam graves. Comportamentos se repetem - isso é fato. A menos que haja um grande esforço e vontade de mudança, os seres humanos tendem a manter seus "defeitos". Alguns desses são realmente subjetivos. Outros, não. A falta de honestidade é percebida como tal aqui ou na China. Cobiçar (e consumar) o desejo pelo alvo de afeto de alguém considerado amigo (em princípio)deliberadamente, nem se fala. Uma pessoa "pão-dura" pode ver a si mesma como "econômica", apenas. Ou como mesquinha mesmo, por um ponto-de-vista distinto. Uma coisa é certa: existe um limite de negação para tudo isso. Lembrei daquela frase do filme "Beleza Americana": "Nunca subestime o poder da negação". Estava pensando sobre essas e outras coisas ontem. Naquela idéia de tentar não interpretar atitudes sempre dentro de um contexto (leia-se, "atenuar"), enfrento uma certa dificuldade de aceitar aquilo que é gritante diante dos meus olhos. A ausência de pequenas gentilezas, denota desinteresse . Passar por cima dos outros, é desvio de conduta. E ponto. Simples assim. A letra de música que postei ontem me remeteu a alguém que conheci recentemente:

Vou soprar essa maldita vela
eu não quero ninguém vindo na minha mesa
Eu não tenho nada a falar com ninguém sobre coisa alguma
Todo bom sonhador passa por isto algum dia
amanhece caído num café escuro
café escuro
Somente na escuridão anterior
eu consegui minhas asas maravilhosas
e voei por aí
É só uma fase, estes dias em cafés escuros

Não questiono e nem condeno. Apenas me deu um certo medo de me tornar assim um dia (primeira estrofe). Me identifiquei com a terceira, na verdade. Sou uma otimista por natureza, no final das contas. E não é por isso vou fingir que não estou vendo. Nem o Stevie Wonder deixaria de enxergar. Força na peruuuuucaaaaa, então.

3 comentários:

Unknown disse...

"Furar os olhos" (a tal cobiça e consumação) de um amigo é uma atitude imperdoável. Será que é tão difícil dar espaço (ok, dar uma chance) ao "cara legal", que precisa tomar confiança para puxar uma conversa e não sabe chegar dizendo "E aí guria, vamo ali no cantinho"? Estou vendo o romantismo se esvair. O negócio hoje é "ficar". Nice guys finish last (vai aí um pouco de auto piedade)...

Beth disse...

Concordo contigo, David, mas não foi bem nisso que pensei ao transcrever esse trecho da música. Me referia aos desiludidos, na verdade - aos que desistiram de tentar.
O romantismo ainda existe sim - para os que acreditam (e se empenham).
Um bom papo e pequenas gentilezas nunca vão deixar de ter valor. Quem não age assim, seja lá por que motivo for, provavelmente não seja a pessoa certa (pelo menos para se considerar o estabelecimento de algo relevante).

Abraço!

Unknown disse...

Obrigado pela réplica, acredito nisso também. Mas meu comentário foi especificamente sobre quando dizes "Cobiçar (e consumar) o desejo pelo alvo de afeto de alguém considerado amigo (em princípio), nem se fala". Ver isso acontecer na tua frente (e ainda ter que aguentar sorrindo) é um exercício supremo de masoquismo. Ismo por ismo, quero romantismo. Tô procurando no lugar errado.

Um abraço!