quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

* Alexitimia



Passada a grande agitação de Natal e fim de ano, cá estou eu disposta a escrever novamente. São tantos assuntos atrasados que nem sei por onde começar. Coloquei "Al Lado del Camino" para colaborar na inspiração. Bem, o "nitro" para a minha vontade foi um telefonema de uma amiga de São Paulo que recebi agora há pouco. Ela me ligou exclusivamente para me contar um comentário positivo que uma pessoa que admiro muito teceu a meu respeito. O que foi, não vem ao caso (não sou o Caetano Veloso para ficar me atirando confete!). Mas serviu como um gancho para esta postagem. Um dia desses, conversava com um amigo. Ele me contou que tem dificuldade em expressar sentimentos e não costuma demonstrar o que sente/pensa. Admirei sua lucidez de admitir, mas confesso que ao mesmo tempo, senti pena dele. Seres humanos são diferentes, eu sei. E nem sempre pode ser adequado manifestar abertamente nossos pensamentos. Mas penso que, se tratando de tecer elogios, poderia certamente haver um maior esforço de fazê-lo com maior frequência. Conversei, recentemente, com um outro amigo paulista sobre como as pessoas confundem "transtornos" com "problemas", não conferindo às coisas/acontecimentos, sua real dimensão. Nem sei por que misturei esses dois assuntos...É a minha velha fuga de idéias se manifestando. Esse meu amigo citou um episódio em que sua ex-namorada perdeu o celular e surtou (sem exagero). Ao final da conversa, concluí que talvez nosso trabalho seja em parte responsável por essa postura mais "relax" (coerente?). Eu médica e ele, promotor de justiça. Duas profissões em que nos deparamos com as mazelas e, sobretudo, com a fragilidade humana. Acho que achei o "link" dos dois assuntos. Ao enxergar claramente que a vida está constantemente por um fio (sim, está - nós apenas negamos essa realidade), percebi a importância de não deixar para amanhã o que posso dizer/fazer hoje. Aprendi que têm coisas que não se economizam: carinho, beijo, abraço, sorriso, palavras...Nossa, isso aqui tá parecendo aqueles textos de auto-ajuda! Ah! Queria contar a respeito de algo que me aconteceu recentemente na "balada" (termo adolescentesco). Fim de festa (meeesmo), às 7h da manhã. Entrei no banheiro e sei lá por que, acabei puxando papo com a moça que estava trabalhando ali. Aliás, acho que era uma das poucas pessoas sóbrias além de mim naquele lugar. Papo vai, papo vem, estávamos em um debate prá lá de profundo sobre relações humanas (em geral). Ela, uma mulher de trinta e poucos, com uma filha de seis anos. Um tanto desiludida em relação à humanidade e aos homens, em especial. Eu, trintinha recém completos, solteira, sem filhos, otimista e cheia de sonhos. Algo como "Papa X Darwin". Voltamos a nos encontrar antes de eu ir embora e ela me disse: "Daqui há uns quatro anos a gente volta a conversar e quero ouvir o que tens a me dizer(com aquele ar de veterana)..." . Resposta: "Tenho uma característica que ainda não sei se é qualidade ou defeito: sou extremamanete otimista!". Admito que por dentro senti um certo medo de que ela estivesse certa. Filosofia de botequim que nada! Descobri que boa mesmo é a filosofia de "balada". Da próxima vez, vou beber - é mais seguro (se não estiver dirigindo, claro).

* Wikipédia:

A Alexitimia (ou Aleximia) é um transtorno mental ou psicológico caracterizado pela dificuldade de expressar e identificar as próprias emoções.

Um dos principais sintomas é a confusão entre sensações e sentimentos, e grande dificuldade em expressar os sentimentos através de palavras. O alexitímico costuma relacionar suas sensações físicas aos seus sentimentos. Por exemplo, após sofrer um duro golpe emocional, o alexitímico irá reclamar de dor de cabeça ou fadiga, mas não saberá relatar de forma clara o que realmente sentiu.

5 comentários:

Luciane Slomka disse...

Querida, que post nada alexitímico! rsrsrs
Sabe que essa é uma palavra que eu uso no meu vocabulário "psicologês", junto a outro, chamada PENSAMENTO OPERATORIO. Esse último, junto com a alexitimia, são duas características de pacientes com transtornos ou distúrbios psicossomáticos, ou seja, quando a psiquismo falha na expressão de sentimentos (alexitimia) e quando a pessoa não consegue pensar profundamente, reflexivamente, se enxergando e podendo refletir (pensamento operatório) o corpo acaba sofrendo as consequencias (SEM TREMA) e manifesta as dores que a alma não consegue expressar.
Então, minha amiga, seja para os amigos, para os amores, para as tias dos banheiros das baladas, o lance é mesmo expressar o que se sente. Mas antes disso, a gente preciso ter a lucidez e a coragem de enxergar esses sentimentos antes de tudo, se enxergar criticamente. E como dói fazer isso né? Mas amigos ajudam, terapia ajuda, e, agora tô descobrindo, BLOGAR ajuda!!! :)
Beijao querida, e boa sorte sempre na vida para nós, balzacas otimistas!!!

Beth disse...

Obrigada pelo teu comentário, Lu! Sempre tens algo de bom a acrescentar!
Não conhecia esse termo "Pensamento operatório" - logo, logo, devo citá-lo em alguma postagem!
Concordo que dói esse processo de auto-conhecimento, entretanto, estou convicta de que é o melhor caminho a ser seguido. Acredito que é muito maior a probabilidade de eu me manter feliz, por que sei o que buscar! Muito bom isso, né? A outra via, a da negação, parece ótima a curto prazo, mas com certeza tem um potencial de danos cumulativos bastante árduo.
BLOGAR é ótimo - é a minha versão adulta dos meus "diários" de menina. Aliás, os tenho guardados e vira e mexe dou uma lidinha...
Muitos beijos e boa sorte prá ti também - certamente nossa postura de não contar só com ela sempre nos ajudará a fazer boas escolhas!

Anônimo disse...

Não de risada d q tem alextimia! sorte a sua q não tem... =( é horivel! varias pessoas deixam d m conhecer pq estou com cara d nervosa... qdo na verdade estou m sentindo feliz...

Anônimo disse...

A questão na alexitimia, não é o esforço que se aplica em "fazer elogios", ou ainda, em "não deixar para amanhã o que se pode dizer hoje". Este transtorno é bem mais complexo do que qualquer explicação do Wikipédia. E, certamente, qualquer comentário a respeito da alexitimia deve ser feito por especialistas no assunto. Estou convicta de que você não é uma delas. Desta forma, acho conveniente que não tire conclusões totalmente equivocadas a respeito daqueles que tem,, de fato, alexitimia.

Beth disse...

A idéia aqui não foi criticar ou escrever um compêndio sobre "Alexitímia". Deixo isso para os especialistas, como a minha amiga Lu. Abraços e obrigada pelos comentários!