
Voltar é verbo que deveria ser conjugado sempre, todos os dias. Tem a ver com esperança, com vontade e até com necessidade de viver. Tem muita gente voltando todos os dias e muitas vezes não percebemos.
Voltar para terminar um trabalho que ficou pelo caminho é uma honra que poucos têm o privilégio de ter. É gratificante voltar para casa depois de um dia de trabalho e rever familiares, amigos ou mesmo ficar naquele longo silêncio que serve para realimentar a alma da gente.
E quando voltamos a reencontrar amigos de infância que se perderam por esses caminhos da vida:
– Tu não és o fulano?
– Sim, e tu és o cara que brigava comigo por causa de futebol? Bah!
Visitar o nosso passado e voltar a ver que a vida era uma pelada na rua com amigos e alguns banhos de chuva é também muito bom. Amizades perdidas no tempo também se recuperam, ainda bem.
Voltar à rua onde tudo começou, olhar a janela onde a namoradinha ficava à espera de um simples olhar (o único da semana muita vezes) e perceber que o tempo não é cruel com quem tem histórias para deixar também é perfeito.
– Quem não tem histórias para contar não merece ter vivido... – diz às vezes um colega, lembrando uma frase que nunca esqueceu.
Voltar a acreditar em si mesmo para perceber que, se a vida dá voltas, também é possível dar voltas nela a todo momento e refazer muitas coisas. O acaso existe, sim, e nos leva a lugares improváveis e desconhecidos, mas somos donos do nosso destino, ninguém mais tem esse poder.
Voltar para ver os filhos, que cresceram e se mandaram para outras bandas ou estão tão pequeninhos que precisamos cuidar deles com o olhar. Voltar a escrever cartas à mão, inspirados apenas pela leveza da vida e pela incerteza do futuro.
Voltar a viver depois de ter "queimado" a primeira vida! Quantos tiveram o dom de "renascer" depois de algo muito grave, delicado, enfim? Essa segunda chance nada mais é do que uma volta à vida. Voltar a acreditar!
Daniel Corrêa - Jornalista de "O Pioneiro"